China escondeu informações sobre a gravidade do coronavírus
Ednei José Dutra de Freitas
Falta de transparência, demora para agir e até suposta falta de segurança em laboratório estão entre críticas feitas por países ocidentais, que desconfiam da versão chinesa e não descartam a manipulação em laboratório para criar o coronavírus como arma biológica para desestabilizar o mundo ocidental, especialmente os EUA, provocando mortes em massa, prejuízos econômicos graves, para que a China venha a assumir a direção do mundo e tornar-se a primeira potência mundial e hegemônica.
O maior desses críticos é o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, muito antes da epidemia já acirrara uma disputa com Pequim em diversos âmbitos, como o comercial, o tecnológico, o militar e o estratégico.
TRUMP ACUSA CHINA – Segundo análise publicada por O Globo, desde o começo do pandemia, Trump, que concorre à reeleição, procura responsabilizar publicamente Pequim. O presidente dos Estados Unidos faz críticas variadas, que vão desde a acusação de que “o vírus é chinês” a outras mais específicas.
Trump já disse que Pequim demorou a agir para conter os primeiroscasos, e omitiu a contagem de vítimas. Além disso, o controle ao livre fluxo de informações, segundo os críticos ocidentais, pode ter sido decisivo para impedir que houvesse a percepção correta do risco de contaminação.
A recente atualização do número de casos na China, afirmam, é um procedimento que se deve a dificuldades para manter os registros atualizados perante o rápido avanço da doença, dificuldade que também enfrentam outros países.
MACRON TAMBÉM ATACA – Outros atores têm se envolvido na disputa. Diante do crescimento da epidemia na França, face ao suposto controle interno chinês, o presidente francês Emmanuel Macron, acusou Pequim de falta de transparência, afirmando que “não podemos ser tão inocentes de acreditar que a China lidou tão melhor com isso”.
O chanceler britânico, Dominic Raab, cujo governo é aliado de Washington, foi mais longe, afirmando que os negócios com os chineses não podem voltar ao normal até que o governo chinês esclareça melhor como tratou da crise sanitária.
Há dúvidas sobre a origem da epidemia e a gestão dela pelas autoridades chinesas que permanecem sem esclarecer, caso continuem alegando que a pandemia foi iniciada pela mordida de um morcego, já que o animal teria de ter sido examinado e seu genoma codificado em laboratório, e explicado ao mundo. Mas o suposto morcego sequer foi apreendido para exame, e desapareceu do mapa tanto quanto os médicos que primeiro identificaram a presença do novo coronavírus, que foram silenciados ou mortos.
PRINCIPAIS DÚVIDAS – E a Covid-19, assim como toda grande questão científica, ainda tem pontos incertos e obscuros. O primeiro paciente a ser identificado adoeceu em Wuhan, capital da província de Hubei, no dia primeiro de dezembro, mas não se sabe quando ele procurou os serviços de saúde, nem os detalhes do caso, exceto que ele não tinha vínculos conhecidos com o mercado de Wuhan.
É certo que, no final de dezembro, autoridades já haviam identificado que havia uma nova doença infecciosa, com efeitos potencialmente graves.
Somente semanas depois, aconteceu o primeiro alerta por autoridades regionais, que avisaram o escritório em Pequim da Organização Mundial da Saúde (OMS) de uma nova doença, mas sem avaliar sua gravidade.
VÍRUS MAPEADO – O vírus foi isolado e mapeado geneticamente na primeira semana de janeiro, e o seu código genético foi disponibilizado para o resto do mundo no dia 11 de janeiro. A esta altura, a principal autoridade a se manifestar sobre o caso era a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan.
Também em 11 de janeiro, esta entidade informava que havia 41 pacientes confirmados, o que indicava que a doença estava se propagando pela cidade.
Ainda assim, o prefeito da cidade, Zhou Xianwang — que, posteriormente, assumiu ter demorado a agir — manteve aglomerações. Ele fez seu discurso anual ao Congresso Nacional do Povo no dia 7 de JAneiro, e, pouco depois, Wuhan realizou um enorme banquete com a presença de mais de 40 mil famílias, que os críticos mais tarde citaram como uma prova de que as autoridades não respeitaram a gravidade da ameaça.
SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÕES – A China é acusada de esconder a extensão da gravidade de sua epidemia, desde os primeiros dias até hoje. Em seu começo, esta sonegação de dados teria tido gravidade por não permitir que fosse percebida a seriedade do problema.
Em seguida, a ocultação de informações continuaria por interesse do governo chinês em se eximir de responsabilidade, ao mesmo tempo em que se apresenta como mais eficiente do que os ocidentais no enfrentamento da pandemia.
Esta questão foi abordada na sexta-feira, quando autoridades chinesas atualizaram as estatísticas de casos confirmados e de mortes. O número oficial de vítimas fatais em razão da doença em Wuhan cresceu em 50%, com a adição de 1.290 mortes à contagem anterior (2.579). O número de casos também foi revisto e aumentou.
ESTATÍSTICA MANIPULADA – Modelos matemáticos calculam que, no começo de janeiro, o número de infectados em Wuhan dobrava a cada dia. Apesar disso, a contagem oficial permaneceu a mesma, com 41 pacientes confirmados de 11 até 18 de janeiro. Para críticos, esta falta de atualizações foi uma omissão de informações determinante por parte da ditadura chinesa
Na primeira mensagem, as autoridades advertiram que a pesquisa em coronavírus representava “um risco de uma nova pandemia similar à Sars”. Este fato de haver surgido, dois anos depois, uma outra doença contagiosa semelhante à Sars “alimentou discussões no governo americano sobre se este ou outro laboratório de Wuhan poderia ser a fonte do vírus”, disse um especialista ocidental.
A especulação é alimentada pelo fato de Pequim ter imposto rígidas restrições a pesquisadores chineses que investigam as origens do vírus, mantendo o conhecimento sobre o assunto sob o filtro dos canais oficiais.
SIGILO GENÉTICO – Pequim também é acusada de não compartilhar material genético coletado nos primeiros casos registrados, o que permitiria que pesquisadores de outros países registrassem a evolução da doença. O compartilhamento de amostras genéticas recorrentemente gera disputas entre países e até entre pesquisadores, e o mesmo aconteceu durante o surto de zika no Brasil em 2016.
A perseguição à liberdade de expressão é outro aspecto importante das acusações, pois também pode ter impedido informações cruciais de circularem livremente.
Na China, além da advertência ao primeiro médico que falou publicamente da doença, dois jornalistas que reportaram a gravidade a crise em janeiro, Fang Bing e Chen Qiushi, desapareceram, sem que o governo desse satisfações de seus paradeiros.
JORNALISTAS EXPULSOS – O governo chinês também expulsou 12 jornalistas americanos, alegando responder a uma medida americana que restringiu a operação de meios de comunicação oficiais chineses nos EUA.
Parentes de vítimas que postaram fotos em ritos fúnebres também tiveram o conteúdo que registraram censurado. É um consenso que há censura e não há liberdade de expressão na China.
É certo que um fluxo livre de informações teria permitido a contenção da emergência, mas a implacável censura faz com que desconheça a real extensão da pandemia na China, debelada com uma facilidade espantosa em relação aos outros países.Posted in Geral