Charge reproduzida do Arquivo Google
Flávio José Bortolotto
Existem basicamente duas escolas econômicas dentro do sistema capitalista de mercados, para desenvolver um país e gerar crescente padrão de vida para a média da população. Uma é o sistema liberal laissez-faire de Adam Smith (1776) que recomenda o país produzir tudo aquilo em que tenha vantagem comparativa natural. A outra é o sistema nacional de economia política de Friedrich List (1841) que preconizava ser possível qualquer País se industrializar criando via protecionismo e outras medidas econômicas, vantagens comparativas artificiais.
No sistema liberal de Adam Smith, para a Inglaterra, que já tinha se industrializado, era bom que todos os outros países não se industrializassem para concorrer com ela, mas que fossem fornecedores de grãos e matérias-primas e consumidores dos seus produtos industrializados pagando também os fretes marítimos, seguros, comissões, royalties etc. Melhor ainda se pegassem dinheiro inglês emprestado.
DOIS EXEMPLOS – O sistema nacional de economia política de Friedrich List que preconizava industrialização via protecionismo e outras medidas econômicas, foi seguido com sucesso pela Alemanha de Bismarck (1861) pelo Japão na Revolução Meiji (1868).
No Brasil, durante todo o Império e a República Velha até 1930, foi seguido o liberalismo laissez-faire e seu Produto Interno Bruto crescia à média de 2,5%, com muito analfabetismo e pobreza.
O grande presidente Vargas (1930-1945 e 1951-1954) partiu para uma variante do sistema nacional de economia política de Friedrich List, implantando o nacional-desenvolvimentismo semi-estatal, que alfabetizou, eletrificou e industrializou o Brasil, atingindo o auge na revolução civil-militar de 1964, quando em 1980 tínhamos o mais variado e importante parque industrial dos países em desenvolvimento, com crescimento médio do PIB de 7%.
E A CRISE? – Como foi que entramos em crise? Bem, o presidente Geisel apostou todas as fichas no Brasil Potência e na busca daquelas armas nucleares que poucas nações têm, via parceria com Alemanha.
Enfrentou frontalmente os EUA, mas não conseguiu a arma que lhe daria plena soberania e teve que suportar três tempestades pela proa. Primeiro, o embargo e quadruplicação do preço do petróleo de US$ 2,90/Barril para US$ 12/Barril em 1973 (Guerra Egito-Israel), numa época que a Petrobras importava 75% de petróleo do Oriente Médio, então o Brasil se endividou de petrodólares.
Depois, em 1979, novo choque do petróleo com a Revolução xiita no Irã, quando o petróleo subiu de US$ 13/Barril para US$ 34/Barril. Como se não bastasse tudo isso, num Brasil endividado em US$ dólares, o FED (Banco Central americano) subiu a Taxa Básica de Juros interBancários para incríveis 22% ao ano, hoje estão em 1,25% ao ano.
DUAS OPÇÕES – Assim, do governo Figueiredo para frente foi apenas administração de crises com pequeno fôlego no governo presidente Lula mais por conta da grande demanda de commodities pela China. Agora, para sair da crise teríamos duas opções:
1- Corrigir os excessos e abusos e manter o sistema nacional-desenvolvimentista semi-estatal.
2- Ou abandonar o nacional-desenvolvimentismo e partir de novo para o liberalismo laissez-faire que os jornalistas chamam neoliberalismo.
O povo, ao eleger o presidente Bolsonaro, com o ministro Paulo Guedes, votou pelo neoliberalismo, não sei se muito conscientemente, e agora não se tem muita certeza de nada.
A nosso ver, o melhor seria corrigir os excessos e exageros e manter o nacional-desenvolvimentismo agora com viés privatista nacional. Caso contrário, o país pode permanecer estagnado.