Nathália de Alcantara
Da Redação 07.08.19 11h53 - Atualizado em 07.08.19 12h11
No fim de maio, Wilson estava em Portugal passeando com a esposa (Reprodução/Arquivo pessoal)
Em menos de um mês, Santos registra a segunda morte causada pela doença do pombo. A criptococose é causada por fungos presentes nas fezes do animal, que quando espalhados pelo vento podem ser inalados e, depois de instalados nos pulmões, migram para o sistema nervoso central.
A nova vítima é o empresário José Wilson de Souza, de 56 anos, que tinha rotina agitada, dividida entre trabalho, família e atividades físicas. Em quatro meses, uma dor de cabeça insistente avaliada por mais de dez especialistas evoluiu para um quadro irreversível.
Apesar de aparentemente bem, Wilson sentia-se cansado. Ele se internou em 6 de julho num hospital da região e, 13 dias depois, sua família recebeu a notícia de que estava morto.
Nesse período, segundo sua mulher Ana Lúcia de Souza, de 51 anos, o casal chegou a viajar para Portugal. Lá, passaram dez dias em maio e, depois disso, Wilson teria voltado pior.
Por contadas fortes dores de cabeça, ele procurava atendimento médico quase todos os dias. “Eram muitas injeções e a dor não melhorava”, diz Ana Lúcia.
O começo
Primeiro, Wilson procurou um oftalmologista. Depois, neurologistas, ortopedistas, clínicos gerais e cardiologistas, que não viram alteração em seus exames. Ele foi submetido a tomografias, exames clínicos e de laboratório e até ressonância magnética.
Diante de novos sintomas, como dor nas costas, dias sem dormir, agonia, formigamento e tremores, Wilson seguiu atrás de especialistas. Fez acupuntura, RPG, Reiki e lhe foi receitado remédio até para síndrome do pânico.
“Ele recebeu diagnóstico inclusive de AVC. Em 6 de julho, caiu da cama e foi levado pelo resgate ao hospital. Um amigo médico foi vê-lo, pois não sabíamos o que fazer. Disse que ele tinha pegado um bicho bravo”, diz a mulher.
Já era 9 de julho quando Wilson foi transferido à Santa Casa de Santos, onde morreu dez dias depois. Segundo Ana Lúcia, se estivesse vivo hoje poderia ter muitas sequelas. “É uma doença grave. Depois de internado, nunca mais voltou do coma. Não imaginava algo tão grave”.
Doença
Para o infectologista Jacyr Pasternak, a doença é muito perigosa. “O paciente pode parecer muito saudável, mas por dentro os fungos estão agindo. As consequências da meningite são muito graves”.
O também infectologista Marcelo Ramos explica que os médicos devem ser rápidos no diagnóstico. “A doença se instala com a imunidade baixa, mas todos estão vulneráveis a isso. Quanto mais rápido se identificar a doença, maiores as chances de cura”.
(Arte: Monica Sobral/AT)