Publicado em 18/08/2018 - 09:00
Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil Brasília
Com grandes nomes da literatura contemporânea, a 4º Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília, pretende romper bolhas ideológicas virtuais e reais com a proposta de aproximar grupos com afinidades distintas. O evento começa hoje (18) e vai até o dia 26.
"Hoje, pela polarização política, fragmentação das famílias, incertezas do mercado de trabalho, as pessoas acabam se fechando em bolhas e acabam entendendo os outros por meio de estereótipos", diz um dos curadores da Bienal Sergio Leo. "As pessoas estão muito confusas e temerosas com o futuro. Acabam se reunindo não pela identidade, mas por um inimigo em comum, seja o homossexual, o imigrante, inventam espantalhos e brigam, cobrem de estereótipos e transformam grupos em verdadeiros vilões".
O evento irá trazer pela primeira vez ao Brasil autores como o premiado nigeriano Chigozie Obioma, autor do romance Os Pescadores. Também pretende propor reflexões sobre o tema Os outros somos nós, que faz um convite "a mergulhar nas experiências alheias para sentir suas dores e desejos", como descreve a organização.
O curador explica que a intenção foi buscar autores "que fugiam do estereótipo e que fossem capazes de fazer com que os leitores alcançassem uma identificação, que entendessem melhor determinado segmento da população, seja da população negra, feminina, indígena, LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros]".
Fazem parte da programação os autores Josélia Aguiar, curadora da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que segundo Sergio Leo, falará sobre o livro ainda não lançado sobre o escritor Jorge Amado; Miriam Alves, que participará da mesa O racismo na cultura; Ana Maria Gonçalves, na mesa Distopias femininas; Daniel Munduruku, que abordará o índio na literatura, entre outros.
Além dos encontros com os autores, haverá um mercado literário. Segundo a diretora geral da Bienal, Suzzy Souza, parte dos expositores da feira de livros estão participando pela primeira vez da Bienal, "trazendo mais diversidade de títulos disponíveis à venda".
Homenageada
A homenageada deste ano é a professora brasiliense Gina Vieira Ponte, criadora do premiado projeto Mulheres Inspiradoras, que incentiva a leitura de grandes autoras da literatura mundial e brasileira e instiga as crianças e adolescentes a contarem a própria história. A professora fará uma palestra hoje, às 19h.
"Os professores estão na ponta, criam leitores, estimulam o gosto pela leitura. Nem todos têm em casa pais que incentivam a ler. A escola é um espaço fundamental da criação desse gosto pela literatura", diz Sergio Leo.
Expectativa
A expectativa da organização do evento é receber, ao longo de nove dias, aproximadamente 200 mil pessoas, superando os 180 mil visitantes recebidos em 2016. Neste ano, o orçamento da Bienal é de R$ 2,5 milhões, redução de 30% em relação à última edição, realizada em 2016.
"O Distrito Federal vive um momento muito especial no que se refere à produção literária e cultural de um modo geral, isso também facilitou. Nosso orçamento para esse ano, apesar de menor não significou uma programação menor, ao contrário, cresceu", diz Suzzy.
Programação
A programação da Bienal conta com mais de 280 atividades: 18 mesas e mais de 40 autores convidados; mais de 25 lançamentos entre Café Bienal e Banca da Conceição, além de sarau e performances literárias, espetáculos teatrais e infantis e infanto-juvenis e exibições diárias de filmes. Dezenas de outros lançamentos acontecem, de forma autônoma, nos estandes das livrarias e editoras, distribuídos em nosso mercado literário.
Há também novidades. Nesta edição, a Bienal estreia o Espaço HQ, com a presença de nomes relevantes das histórias em quadrinhos brasileiras da atualidade; e o Espaço Z, com a participação de autores e youtubers que usam a internet como plataforma de divulgação de suas obras e compartilhamento de ideias e conteúdos.
A programação conta ainda com shows, com destaque para o Palco D’Elas, com cantoras e grupos com protagonismo feminino, além de DJs mulheres; e para o Café Bienal, com choro, jazz e música instrumental.
A 4ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura ocorre até o dia 26, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. A entrada é gratuita mediante cadastro pelo site do evento. O cadastro vai gerar um ingresso individual válido para todos os dias da Bienal, basta sempre levá-lo impresso ou no celular.
Edição: Sabrina Craide
Agência Brasil