segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Acidentes na Avenida Brasil deixam mortos e feridos em Juiz de Fora

Por G1 Zona da Mata

15/01/2018 08h15
Avenida Brasil está interditada após acidente que derrubou poste em Juiz de Fora (Foto: Rodrigo Campos/Arquivo Pessoal)

Duas pessoas morreram e seis ficaram feridas em ocorrências distintas registradas na Avenida Brasil, sendo atropelamento e duas batidas em postes. Os casos foram registrados entre domingo (14) e a madrugada de segunda-feira (15).

A Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) informou que a via perto da entrada Prefeitura foi liberada no fim da manhã, após ficar totalmente interditada, para a retirada do poste.

No primeiro acidente, duas pessoas foram atropeladas, na parte da manhã de domingo (14), durante a feira da Avenida Brasil. O motorista de 39 anos contou que seguia sentido Bairro de Lourdes e que ouviu um barulho e teria atingido duas pessoas.

Um idoso de 72 anos contou que estava perto do passeio quando foi atingido pelo carro. Um homem de 56 anos foi socorrido pelas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel Urbano (Samu). Os dois foram levados para o Hospital de Pronto Socorro (HPS). Segundo a ocorrência, o homem está em estado grave no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Testemunhas contaram que duas outras pessoas foram feridas, mas recusaram atendimento.

Motorista com sintomas de embriaguez atropelou duas pessoas na feira livre da Avenida Brasil neste domingo (14) em Juiz de Fora (Foto: Reprodução/TV Integração)

A PM informou que o motorista se negou a fazer o teste do etilômetro, mas apresentava sintomas de ingestão de bebida alcoólica e hálito etílico. Segundo a ocorrência, o homem teria afirmado que havia ingerido mais de seis latas de cerveja. Ele foi detido e teve a carteira de trânsito apreendida. Após perícia, o veiculo foi liberado para um motorista habilitado. De acordo com a Polícia Civil, ele teve o flagrante confirmado por dirigir embriagado. O homem pagou fiança e foi liberado.

Durante a noite, a Polícia Militar registrou o segundo acidente na margem esquerda da Avenida Brasil. O motorista de 58 anos contou que perdeu o controle do veículo, após ser fechado por outro, e atingiu um poste de iluminação pública no local. Com o choque, a estrutura caiu atravessado na via. Corpo de Bombeiros e Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foram acionados para atender a ocorrência.

Segundo a PM, a energia da fiação caída foi desligada, mas o poste não foi retirado. Uma viatura policial permaneceu no bloqueio da via. O motorista foi retirado das ferragens pelos Bombeiros. Os passageiros de 29 anos e duas mulheres de 68 anos foram encaminhados para atendimento no Hospital de Pronto Socorro (HPS), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte e Maternidade Terezinha de Jesus. Os nomes não foram divulgados e não foi possível apurar estado de saúde.

Já na madrugada desta segunda-feira (15) foram registrados os acidentes com mortes na mesma avenida. Dois homens morreram após furarem o bloqueio policial montado por causa do acidente anterior e atingiram o poste caído na rua. Conforme a ocorrência, os dois passaram de moto em alta velocidade e não obedeceram à ordem de parar.

De acordo com a PM, a equipe do Samu confirmou que o motociclista de 31 anos e o carona, ainda não identificado, morreram na hora. Após perícia, os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) no Bairro Granbery. Após a perícia, a moto foi apreendida e encaminhada para pátio credenciado, segundo a PM.

Segundo a assessoria da Polícia Civil, estes dois acidentes serão encaminhados para investigação na 7ª Delegacia, responsável pela área central.

https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/acidentes-na-avenida-brasil-deixam-mortos-e-feridos-em-juiz-de-fora.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Operações da Lei Seca abordam mais de mil motoristas com sinal de embriaguez

14/01/2018 18h33
Rio de Janeiro
Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil*

Na primeira grande mobilização nacional do Fórum Permanente das Operações Lei Seca, que realizou blitzes em 17 estados do Brasil desde a noite de ontem (13) até a madrugada de hoje, os agentes de segurança abordaram 10.993 motoristas. No total, 1.037 deles apresentavam sinais de embriaguez e foram impedidos de continuar dirigindo.

As operações contaram com um efetivo de 1.936 homens e mulheres da Polícia Militar dos estados, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e agentes de trânsito em todo o país. Foram feitos ao todo 9.522 testes com o etilômetro e lavrados 823 autos de infração, além de 214 prisões. Foram recolhidos 1.610 documentos, entre carteiras de motoristas e certificado de licenciamento de veículos. Mais de 626 autromóveis foram removidos para depósito.

O balanço foi divulgado pelo governo do estado do Rio de Janeiro. Segundo a nota, um estudo do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), da Escola Nacional de Seguros, mostrou que a Lei Seca salvou 41 mil vidas desde 2008 e poupou ao país mais de R$ 550 bilhões, em perda de produto e renda.

Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) colocam o Brasil em quarto lugar no ranking de acidentes de trânsito nas Américas, atrás da República Dominicana, Belize e Venezuela. São 47 mil mortos por ano no país e 400 mil com alguma sequela por causa de acidentes.

De acordo com o coordenador da Operação Lei Seca do Estado do Rio de Janeiro, tenente-coronel Marco Andrade, o objetivo da ação foi chamar a atenção da sociedade para os riscos de beber e dirigir. Para ele o trabalho repetiu o sucesso da mobilização que encerrou a Semana Nacional do Trânsito do ano passado, feita em setembro, quando foram abordados 19.328 motoristas e 2.549 tinham sinais de embriaguez.

“Essa mobilização nacional ajudou a promover a conscientização dos motoristas para que todos juntos - poder público e sociedade -, numa soma de esforços, possamos reduzir os índices de violência no trânsito, que infelizmente ainda apresenta estatísticas negativas em todo o Brasil. Nosso objetivo é realizar mais ações como essa ao longo de todo o ano, integrando todas as operações do país”, afirmou.

Rio de Janeiro
No estado do Rio de Janeiro, desde a criação da Operação Lei Seca, em março de 2009, foram abordados 2,7 milhões de motoristas em mais de 19 mil ações de fiscalização. As ações resultaram em 511 mil veículos multados, 99 mil rebocados, 171 mil motoristas com a CNH recolhida e 180 mil identificados com embriaguez.

Distrito Federal
Em Brasília, as fortes chuvas que caíram ontem reduziram o número de operações. Por isso, mesmo com o término da operação nacional previsto para a madrugada de ontem para hoje, o Detran-DF decidiu manter o patrulhamento durante todo o domingo.

Até a manhã de hoje foram apreendidos 140 veículos e autuados 53 condutores por alcoolemia. Dentre os veículos apreendidos, havia um com mais de R$ 20 mil em débitos. Também foram flagrados quatro condutores inabilitados e cinco com a CNH vencida.

*colaborou Marcelo Brandão
Edição: Amanda Cieglinski
Agência Brasil

Hepatite A: saiba como se pega o vírus, quais são os sintomas e tratamentos

14/01/2018 16h26
Rio de Janeiro
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil*

Vírus da Hepatite A - Divulgação/Ministério da Saúde

Neste verão, além da habitual preocupação com doenças como a dengue, a população do Rio de Janeiro foi surpreendida com um grande número de pessoas infectadas com o vírus da Hepatite A. Um surto, com concentração especial na comunidade do Vidigal, já registrou 92 casos notificados e 75 confirmados. Ao longo de 2017, em toda a capital, foram registrados 119 casos.

A hepatite é uma inflamação aguda no fígado, que pode ser causada por vírus, bactérias ou agentes tóxicos, como o álcool. Existem cinco tipos identificados de hepatite virais. De acordo com o infectologista Edimilson Migowski, presidente do Instituto Vital Brazil e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do ponto de vista clínico, não há muita diferença entre as hepatites A, B e C.

“São vários vírus que podem atacar o fígado de forma primária”, explicou à Agência Brasil. Dentre as infecções virais, o que chama atenção na hepatite A é o fato de não evoluir para uma doença crônica, como ocorre com as hepatites B e C.

Apesar disso, ele advertiu que, ainda que tenha uma evolução muito melhor do que as hepatites B e C, o tipo A acaba sendo o principal vilão porque pode causar uma inflamação fulminante ou falência aguda do fígado. Migowski afirmou que a doença, eventualmente, pode evoluir para casos em que há comprometimento do fígado e o paciente pode precisar de um transplante.

O agravamento do quadro pode ocorrer, principalmente, em pacientes idosos ou com alguma doença crônica. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, estima-se que apenas 1% dos casos representa risco de morte, quando evolui para hepatite fulminante.

Sintomas e diagnóstico
Os sintomas iniciais mais comuns da hepatite A são mal estar, dores no corpo, náuseas, dor abdominal, vômitos, olhos e pele amarelados, urina bem escura e fezes claras. Eventualmente, quando o quadro é muito grave, pode causar insuficiência hepática, sangramento e morte, indicou o infectologista.

Segundo o presidente do Instituto Vital Brazil, a hepatite A tem uma evolução em duas fases: primeiro o paciente apresenta um quadro agudo, que dura entre uma e duas semanas. Em seguida, há melhora e depois, uma recaída. A evolução dura de dois a três meses.

Em crianças, em geral, o quadro passa sem sinais e sintomas característicos da doença. “Passam como se fosse uma gripe, mal estar, diarreia, um quadro mais brando”, diz o infectologista.

Somente a partir de exames de sangue é possível confirmar qual tipo de vírus está envolvido naquele quadro infeccioso.

Contaminação
O período de incubação do vírus é de 15 a 50 dias. Ou seja, depois que a pessoa “engoliu” um vírus da hepatite A, por meio de água ou alimento contaminados, ela deverá manifestar a doença de 15 a 50 dias depois.

“A contaminação se dá, basicamente, com água ou alimento contaminado com esgoto. Também pode ser uma transmissão entre pessoas. Às vezes, em uma criança que está contaminada e não tem sinais da hepatite, o vírus contamina as fezes e aí o adulto ao manipular ou fazer higiene dessa criança pode se contaminar ou espalhar esse vírus para aquela população”, explicou Migowski.

Falhas na segurança alimentar ou de água podem ser responsáveis por surtos de hepatite A, como parece ter ocorrido no caso recente da comunidade do Vidigal, em São Conrado, zona sul da capital fluminense. A Vigilância Sanitária apreendeu 169 galões de 20 litros de água contaminados em um bar e um depósito de bebidas do local.

Tratamento
Não existe um tratamento específico para a hepatite A. “Não existe um antiviral que você possa tomar, como tem para gripe e para herpes, por exemplo. Não existe nenhum medicamento que tenha sido comprovado eficaz como antiviral no caso da hepatite A, como tem para hepatite B e C”, destacou Migowski.

Por essa razão, o tratamento é de suporte ao paciente. Ou seja, envolve o uso de analgésicos e remédios para controle de náuseas e vômitos.

Prevenção
A infectologista Karla Ronchini, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, alerta que a melhor estratégia de prevenção é a higiene, além de saneamento básico. “Basta uma pessoa transmitir que, quem está ao redor, tem muita chance de pegar, principalmente pelo tipo de transmissão, pela falta de cuidados com a higiene, porque ele [o vírus] circula”, explicou.

Por isso é importante, entre outras medidas, lavar as mãos após ir ao banheiro ou trocar fraldas de crianças, e antes de comer ou preparar alimentos. Outra recomendação é cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los; lavar bem, com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos. Também é necessário lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras e não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou onde haja esgoto a céu aberto.

Caso haja algum doente com hepatite A na residência, deve-se utilizar hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária ao lavar o banheiro. Como a transmissão da hepatite A tem uma relação fecal-oral, Karla explica que fazer sexo oral desprotegido também é um fator de risco.

Vacinação
Existe vacina para a hepatite A, disponível gratuitamente na rede pública de saúde para crianças entre 1 e 2 anos de idade. “É uma vacina segura, eficaz, e pode ser tomada por qualquer pessoa com mais de um 1 ano de idade mas, infelizmente, na rede pública, isso só acontece com crianças”, explicou Migowski.

Segundo o presidente do Vital Brazil, a vacina não é cara, mas ele observou que neste momento não há um laboratório que consiga produzir e entregar para o país uma quantidade muito grande do insumo. “Existe certa dificuldade na obtenção do produto”, disse.

Na rede privada, é possível encontrar a vacina contra hepatite A inclusive para adultos. “Tem uma vacina combinada de hepatite A e B, o que otimiza o esquema de imunização”, apontou.

Contaminação na infância
O infectologista destacou que, no Rio de Janeiro, alguns programas de saneamento do governo estadual em comunidades, como o Favela Bairro, tiveram um efeito positivo para o controle da doença, com ações como a cobertura de valas e coleta de lixo.

A partir dessas intervenções, no entanto, o perfil de infecção é alterado, passando a ser mais comum em adultos. “Antigamente, as crianças infectavam-se muito cedo e, quando chegavam à idade adulta, não se infectavam mais. Só tinham uma vez a hepatite A”, diz.

De acordo com Edimilson Migowski, percebe-se mais os surtos e a circulação da hepatite A hoje do que há 40 anos ou 50 anos, quando a doença acometia principalmente crianças. Agora, tendo em vista que as crianças vêm sendo vacinadas e houve melhora no saneamento básico, muitos moradores que nasceram após as intervenções do Favela Bairro, já em comunidades com melhores condições de saneamento, não se contaminaram na infância. Com isso, aponta Migowski, o quantitativo de adultos vulneráveis é maior.

Há 30 anos, segundo o infectologista, podia-se dizer que 100% dos brasileiros já teriam tido hepatite A. A realidade hoje pode variar de região para região, mas estima-se que, no Rio de Janeiro, entre 20% a 30% da população até 35 a 40 anos já tiveram hepatite A quando crianças.

“Isso significa que existe um quantitativo grande de adultos vulneráveis. E, no adulto, a hepatite A tende a ter maior gravidade e maior riqueza de sinais e sintomas”, explicou.

*colaborou, Andreia Verdélio
Edição: Amanda Cieglinski
Agência Brasil

Serviço de alerta para desastres naturais passa a funcionar em mais três estados

14/01/2018 19h09
Brasília
Júlia Buonafina*

A população dos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul passam a receber, nesta segunda-feira (15), avisos por SMS em caso de desastres naturais. O serviço tem como objetivo orientar quanto aos procedimentos a serem adotados diante do risco de inundações, alagamentos, temporais ou deslizamentos de terra, entre outras ocorrências.

A mensagem de cadastro começa a ser enviada a partir do dia 15 de janeiro, para todos os telefones celulares ativos nos três estados. O morador que, eventualmente, não receber o SMS, pode ele mesmo enviar o número de seu CEP para o telefone 40199, por mensagem gratuita, e solicitar sua adesão. Para quem receber o SMS, basta responder a mensagem com o número de CEP. Após o cadastro, o celular já estará apto para receber alertas da Defesa Civil. A qualquer momento, se o usuário desejar, também é possível cancelar o serviço por mensagem de texto.

Os alertas serão produzidos e enviados pelo Centro de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), em parceria com os órgãos de Defesa Civil de estados e municípios, assim que forem identificadas situações de riscos que possam acarretar em desastres naturais.

Até março, o serviço que é gratuito estará disponível em todos os estados e o Distrito Federal, coordenado pelo Ministério da Integração Nacional em parceria com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e operadoras de telefonia móvel. Essa é a quarta fase de implantação do serviço, que já está em pleno funcionamento nos estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.

*estagiária sob a supervisão da editora Amanda Cieglinski
Edição: Amanda Cieglinski
Agência Brasil

Maior exposição de arte contemporânea africana chega ao Rio no dia 20 deste mês

14/01/2018 09h21
Rio de Janeiro
Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil
Em cartaz até 26 de março no CCBB do Rio de Janeiro, exposição Ex África é composta por mais de 80 obras  - Joana França/Divulgação

Uma exposição com os artistas contemporâneos mais promissores do continente africano desembarca no Rio de Janeiro no próximo sábado (20). Reunindo duas dezenas de nomes que chamam atenção internacional, mas que são pouco conhecidos no Brasil, além de dois artistas afro-brasileiros, a Ex Africa traz uma mostra dos dilemas e desafios do continente hoje e que se assemelham ao de países latinos.

Até 26 de março, a mostra estará aberta ao público no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da cidade.

A exibição é composta por mais de 80 obras, entre pinturas, esculturas, instalações, vídeos e performances, com espaço privilegiado para a fotografia. “A fotografia talvez seja, ao lado da escultura, o grande destaque da arte africana atual, sobretudo, na África do Sul, cujos fotógrafos, ao meu ver, estão entre os mais originais do mundo”, afirmou o curador alemão Alfons Hug. Ele trabalhou no Brasil por mais de 15 anos e em países africanos, por quatro anos. Na Nigéria, foi diretor do Instituto Goethe.

Os trabalhos da Ex Africa se relacionam por meio de quatro eixos e mostram um continente em contínuo e efervescente processo de renovação criativa e artística. As obras têm referência no passado de colonização europeia, dialogam com a escravização, mas buscam discutir os reflexos da história no presente, principalmente nos anos que sucederam a independência desses países, a partir da década de 1950. O passeio pela mostra conduz o visitante por questões como migração, passado pós-colonial, racismo e gentrificação, temas comuns também nas grandes cidades brasileiras.

Em Ponte City, por exemplo, o artista sul-africano Mikhael Subotzky em colaboração com o inglês Patrick Waterhouse apresentam uma instalação que simula histórias dentro do prédio de mesmo nome e seus personagens, no estilo Eduardo Coutinho. Ponte City é um arranha-céu no centro de Joanesburgo, que foi construído para a população branca na época do apartheid(regime de segregação racial). Tornou-se, no entanto, símbolo de decadência na década de 1980, após ser invadido por gangues.

Ainda no eixo sobre cidades, Karo Akpokiere faz uma sátira ao bombardeio publicitário que invade as metrópoles e as vidas das pessoas. De Lagos, uma das cidades mais populosas do mundo, o designer gráfico apresenta ilustrações que mesclam o caos urbano de uma megalópole com elementos da cultura pop.

Em outro eixo, o corpo como espaço de manifestação estética, uma marca ancestral, é tema das icônicas imagens do nigeriano J. D. Okhai Ojeikere. Ele traz parte de sua mais conhecida obra, Hair Styles, com penteados fotografados ao longo de 40 anos. Cada um deles se assemelha a verdadeiras esculturas. Em muitas culturas africanas, penteados são marcas da religião, posição social e até sinalizam jovens em época de se casar. Eles voltaram com força após a independência dos países. A exibição é uma oportunidade para ver uma boa mostra deles, reunidos em uma parede só.

Do senegalês Omar Victor Diop serão exibidas fotografias que desafiam a visão estereotipada e racista de parte da população em relação a pessoas de pele negra. O Projeto Diáspora explora retratos de africanos ilustres, alguns ainda na condição de escravos, que se tornaram personalidades nos séculos passados.

Sob a influência da pintura barroca europeia, Omar Diop retrata a si no lugar desses personagens, fazendo uma crítica à sociedade, ao incluir elementos como equipamentos esportivos, a exemplo de uma bola de futebol. O artista remete o público a celebridades e atletas de tons de pele negra, do mais claro ao mais escuro, que ainda são alvo de preconceito racial, revelando uma discriminação que transcende fama e dinheiro.
Kudzanai Chiurai, do Zimbábue, mistura papéis de colonizado e colonizador na obra Gênesis -  Joana França/Divulgação

De uma outra perspectiva, Kudzanai Chiurai, do Zimbábue, traz algumas das imagens mais emblemáticas da mostra. Ele brinca com a ideia de voltar ao passado para reescrever o presente. Em suas imagens, o que se vê são fotos que questionam o papel que, automaticamente, uma parte dos espectadores atribui a pessoas negras, o de subalterno, em especial quando negros estão vestidos de maneira tribal. Na série Gênesis, Chiurai mistura figuras do colonizador e do colonizado de maneira que uma reposta imediata sobre quem é quem não seja imediata.

Ainda neste tema, da diáspora e do tráfico de africanos como escravos, prática responsável pelo sequestro de mais de 12 milhões de pessoas, Leonce Raphael Agbodjélou, fotógrafo do Benin, evoca o decreto com o qual a França regulou a escravidão. O Código Negro, de 1685, determinou que pessoas negras escravizadas não tivessem direitos legais e nem políticos por 163 anos. Na obra de mesmo nome, o artista retrata descendentes e seus antepassados nos lugares da escravidão. As peças são montadas em formato de tríptico, que tem origem na Idade Média.
Retratos do fotógrafo Leonce Raphael Agbodjélou, do Benin, na obra Código Negro -  Joana França/Divulgação

Por fim, em 2018, há 130 anos da abolição no Brasil, o artista carioca Arjan Martins fecha a exposição mostrando, em suas pinturas, os navios que cruzaram o Atlântico com africanos enfiados em porões e que aportaram com os sobreviventes nas Américas. A inspiração dele partiu de uma de experiência em Lagos, onde fez uma residência no bairro onde muitos brasileiros libertos se mudaram após a abolição.

“A exposição acontece num momento em que a herança africana volta a estar em evidência, principalmente no Rio”, destaca o curador. Parte da sociedade cobra a criação de um museu para discutir a diáspora e a herança africana, além de salvaguardas para o Cais do Valongo, o maior porto de desembarque de africanos como escravos na América Latina. O local foi declarado patrimônio da humanidade pelas Nações Unidas no ano passado.

Do Rio, a Ex Africa segue para São Paulo, onde chega em abril e para Brasília, em agosto. Em Belo Horizonte, em 2017, recebeu 150 mil pessoas.

Dentro da temática sobre a diáspora, é esperada este ano uma retrospectiva do grafiteiro nova-iorquino Jean-Michel Basquiat, que é negro, de origem caribenha, autor de algumas das obras mais caras da atualidade. Em 2017, um de seus quadros bateu recorde, ao ser vendido por US$ 110,5 milhões.

Edição: Carolina Pimentel
Agência Brasil

PM apreendeu adolescentes envolvidos em atos infracionais / Roubos: a coletivo, a Posto de Combustíveis e a Mercearia

Imagem meramente ilustrativa

Rua Bartolomeu dos Santos - São Damião - Juiz de Fora
Nesse sábado (13) por volta das 07h25min policiais militares registraram que a vítima,21,(proprietária da mercearia) fora surpreendida por um indivíduo trajando blusa de moletom de duas cores, com capuz, boné, de bermuda e chinelo, que pediu cigarro. A vítima respondeu que não vendia esse tipo de mercadoria. Ato contínuo o autor sacou de uma arma de fogo e anunciou o roubo.O meliante fugiu com R$ 70,00 reais e uma bolsa, porém os pertences da bolsa não foram levados.

Rua Barão de São Marcelino - Alto dos Passos 
Por volta das 22h30min policiais militares registraram que dois adolescentes, ambos com 15 anos, foram surpreendidos por um trio, sendo que um deles portava arma de fogo e juntamente com os comparsas, proferiram ameaças, utilizaram de força física e agressões na subtração de dois aparelhos celulares.
O trio fugiu pela Avenida Rio Branco e após intenso rastreamento foi abordado. Contudo, os aparelhos celulares não foram localizados e nem a arma utilizada na ação. Três menores infratores, 15(2) e 17, receberam voz de apreensão pela participação em ato infracional análogo ao crime de roubo.
Na delegacia as demais providências foram adotadas.

Avenida Presidente Juscelino Kubitschek - Cidade do Sol
Por volta das 22h55min policiais militares registraram que as vítimas,37 e 47, compareceram na sede da 269ª Cia PM e relataram que dois indivíduos fizeram sinal para a parada do coletivo,linha 723, São Judas Tadeu, que trafegava no sentido centro/bairro.Ao parar, um dos indivíduos embarcou, e de posse de uma arma de fogo, anunciou o roubo, levando da vítima cerca de R$ 80,00, tomando rumo ignorado. 

Rua Abílio Gomes - Francisco Bernardino
Por volta de 23h10min policiais militares registraram que o frentista,36, do Auto Posto Conquista fora abordado por dois indivíduos, sendo um alto, branco, trajando blusa de moleton vermelha e calça jeans o qual encobria o rosto com uma camisa da argentina. Do outro indivíduo não soube repassar característica, porém que portava um facão quando anunciou o roubo e fugiram com a quantia de R$ 800,00 reais.  Populares observaram a movimentação suspeita e teriam avistado dois indivíduos correndo e adentrando em um veículo táxi, provavelmente um veículo Toyota Etios, que aparentemente os aguardava e estaria estacionado na rua João Leite de Oliveira, próximo ao número 06 e tal veículo teria seguido sentido ao bairro Encosta do Sol. Foi realizado contato com as empresas operadoras de tele táxi com intuito de tentar localizar o referido veículo, contudo sem êxito.

PM conduz à delegacia o sexteto envolvido em roubo de boné

Rua Halfeld - Centro - Juiz de Fora

Imagem ilustrativa

Neste domingo(14) por volta das 03h35min policiais militares registraram a abordagem do sexteto, 18, 17, 16 e 15(3), na Avenida Barão do Rio Branco esquina com Rua Santa Rita, na região central. 

Os abordados haviam cercado três vítimas, 18,19 e 20, aplicado uma rasteira em uma delas e lhe subtraído um boné.

As outras duas vítimas empreenderam fuga, mas também não souberam precisar quem efetuou a agressão, contudo os abordados foram reconhecidos como participantes do grupo acusado do roubo.

Um autor recebeu voz de prisão em flagrante delito e os menores de idade receberam voz de apreensão pela participação em ato infracional análogo ao crime de roubo.

A ocorrência foi encerrada na delegacia.

Roubo a posto de combustíveis no Vale dos Bandeirantes

13/01/2018 
Imagem meramente ilustrativa
Avenida Juiz de Fora 
Nesse sábado(13), por volta de 22h55min, policiais militares registraram que o frentista,54, fora surpreendido por dois autores.
A dupla, aparentemente adolescente, sendo ambos magros e negros, trajando calça jeans e blusa escura, um deles usando uma toca comum na cabeça, adentraram na pista de abastecimento, pediram a vitima para encher o galão de cinco litros que carregavam.
Quando o frentista preparava a bomba para abastecer, um dos autores, portando uma arma de fogo pequena, aparentemente um revólver calibre 32, encostou-a na cintura da vítima, anunciando o roubo, mandou a vítima esvaziar os bolsos e passar o dinheiro para eles.
Os autores evadiram pelo escadão que liga ao bairro progresso. 
O posto possui sistema de monitoramento, mas no momento não foi possível  acessar as filmagens. 
O frentista alega a subtração de aproximadamente R$600,00 (seiscentos reais) em moeda corrente.
As investigações ficam a cargo da Polícia Civil.

Adolescente foi baleado na perna, em Juiz de Fora

Rua Valfrido Machado Mendonça - Bairro Retiro

Imagem meramente ilustrativa

Nesse sábado (13), por volta de 19h42min, policiais militares registraram que um adolescente recebia atendimento no HPS.
A vítima,15, relatou que dois indivíduos tentaram lhe assaltar, como não possuía nada de valor um dos autores teria se irritado e efetuado um disparo de arma de fogo que lhe atingiu o joelho esquerdo, tendo o projetil ficado alojado na articulação do joelho.
A vítima não soube precisar quem a conduziu ao HPS e nem a motivação da ação criminosa.
Nas imediações do ocorrido ninguém teria escutado o estampido e a Polícia Civil se encarrega das investigações. 

sábado, 13 de janeiro de 2018

JF vive epidemia com 24,3 homicídios por cem mil habitantes

Por Sandra Zanella e Marcos Araújo Repórteres

13/01/2018 às 07h00 - Atualizada 13/01/2018 às 14h07


A cidade vive uma grave epidemia de homicídios, com índice de 24,3 mortes para cada cem mil habitantes, conforme levantamento da Tribuna, que contabiliza 137 óbitos em decorrência de ações criminosas em 2017. A estatística leva em conta também os falecimentos ocorridos posteriormente em hospitais, mas como consequência dos crimes. O cálculo feito com base na última estimativa populacional do IBGE (563.769) é bem superior ao preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que considera epidêmico indicativos superiores a dez para cada cem mil pessoas. O pico da violência no município ocorreu em 2016. De acordo com dados do jornal, naquele ano foram 27,5 mortes para cada cem mil. Já levando-se em conta os números de Minas Gerais em 2016, divulgados pela então Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), o município teve taxa de 23,2 assassinatos, ficando quase empatado com Belo Horizonte (23,3) e bem acima da média do estado, de 19,2.

A situação também preocupa conforme o último estudo do Atlas da Violência publicado pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea). Enquanto os homicídios foram estabilizados no Rio de Janeiro e em São Paulo entre 2012 e 2015 e tiveram queda acentuada em Belo Horizonte, em Juiz de Fora houve um salto, ficando acima de Uberlândia na comparação entre as cinco maiores cidades mineiras nesse período (ver gráfico). O intervalo coincide com o observado pela Tribuna, quando os assassinatos saíram da casa dos 50 em 2010 e 2011 e praticamente dobraram no ano seguinte. Desde então, as mortes violentas foram mantidas em um patamar alto, acima de 130, segundo levantamento do jornal, com média de uma ocorrência a cada dois ou três dias.

Na sexta reportagem da série “Vidas perdidas – um raio X dos homicídios em JF”, o Executivo e o Legislativo municipais mostram o que têm feito para tentar mudar esse cenário desolador, com tantos jovens perdendo a vida para o crime – mais da metade das vítimas têm até 25 anos – , e os projetos para 2018. Ao mesmo tempo, um especialista avalia as possíveis causas dessa interiorização da violência no país, que tem a nona maior taxa de homicídios das Américas, com 30,5 mortes para cada cem mil habitantes, segundo dados de 2015. Juiz de Fora ainda foi na contramão da queda apresentada no Brasil no número de óbitos por crimes proporcional à população, que estava em 32,4 em 2014.

Redistribuição geográfica da violência
Cerca de 185 quilômetros separam Juiz de Fora do Rio de Janeiro. A proximidade cria uma relação entre o município mineiro e a capital fluminense que vai além das questões culturais. A cidade teve 24,9 homicídios por cem mil habitantes em 2015, ficando acima do Rio, com 23,4 no mesmo ano, segundo o Atlas da Violência (ver quadro). A quantidade de assassinatos é surpreendentemente superior à outrora pacata cidade de Minas desde 2013 em relação à capital tida como violenta. Para o pesquisador e professor da Faculdade de Comunicação da UFJF Wedencley Alves, a comparação confirma que a criminalidade avança para outros polos.

“Essa redistribuição se deu por questões como imobilidade de classe social e por cidades que ganharam uma elite financeira maior, ao mesmo tempo em que perderam em qualidade de trabalho para as classes menos esclarecidas. Além disso, houve o avanço do tráfico de drogas. Isso fez com que as guerras do tráfico chegassem a municípios do Nordeste e a Juiz de Fora, resultando numa mudança na geografia do crime, e as cidades de médio porte se tornaram mais violentas”, analisa o pesquisador.

“A violência pode ter altos índices, mas, se ela não chega aos bairros da classe média, isso fica adormecido, não assusta.” Wedencley Alves, professor da UFJF

Ele ainda ressalta que a violência no Rio ganha muita repercussão, uma vez que o município concentra um grande número de veículos de comunicação de alcance nacional, algo que não acontece com as cidades de médio porte e capitais da região do Nordeste. Wedencley ainda alerta para a questão de como a criminalidade é percebida. “A violência pode ter altos índices, mas, se ela não chega aos bairros da classe média, isso fica adormecido, não assusta. Todavia, existe situação em que há a metade desse índice, mas a violência chega à classe média. E não precisa ser o homicídio, que é muito centrado nas classes populares, mas a repercussão é muito grande, com semanas de discussão. Isso faz parecer que há um risco igual a todos, mas definitivamente não é.”
‘Meu mundo desabou naquele momento’
Patrícia Mota perdeu o marido José Márcio assassinado na Cidade Alta em 2016 (Foto: Arquivo pessoal)

A epidemia de assassinatos sobrecarregou a já deficitária estrutura da Polícia Civil, que atualmente ainda apura mais de 800 inquéritos de homicídios e tentativas de homicídios na cidade, segundo dados do site Judiciário referentes a novembro, como mostrado na terceira reportagem da série “Vidas perdidas”. Um desses casos é o da morte do vigilante José Márcio Macedo Lima, 41 anos, assassinado com quatro tiros na cabeça quando trafegava de moto no dia 22 de outubro de 2016 pela Rua José Lourenço, no Bairro São Pedro, na Cidade Alta. Ele havia acabado de deixar o serviço em um condomínio na mesma região, quando foi alvejado por disparos realizados pelos ocupantes de um carro.

“Eu tinha uma vida e, de repente, não tenho mais. Perder alguém por uma covardia e ver tamanho descaso é doloroso”. Patrícia Mota, secretária escolar

Para a esposa da vítima e secretária escolar Patrícia Mota, 42, a dor é ainda maior diante da falta de justiça. O casal ficou 19 anos junto e tem um filho, 12. “Ele era trabalhador e honesto. Todo mundo falava bem dele.” Ela afirma se lembrar de cada detalhe daquele fatídico dia. “Era um sábado, ele saía do trabalho às 19h, e combinamos de fazer churrasco. Como não apareceu até 19h15, logo pensei que tinha acontecido alguma coisa. Dez minutos depois, o sobrinho dele me ligou chorando, falando que tinham acabado de matá-lo com tiros. Meu mundo desabou naquele momento. Não acreditei, mas cheguei lá, e ele estava estirado no chão, coberto com um pano.”

Desde então, a secretária, que trabalhava como diretora em escola municipal até o ano passado, tenta se reinventar. “Eu tinha uma vida e, de repente, não tenho mais. Perder alguém por uma covardia e ver tamanho descaso é doloroso”, diz ela sobre a demora na investigação. “Quero seguir em frente, e sei que meu filho precisa de mim. Estamos falando de um pai de família. Tento sobreviver a um dia de cada vez.” Na visão dela, falta família e educação para reduzir essa violência. “Os jovens que cometem crimes são respeitados. Vejo uma mudança de valores. E a lei não pune.”

Segundo o delegado da Especializada de Homicídios e atual responsável pelo inquérito, Armando Avólio Neto, o caso está sendo tratado com prioridade. “Quando o inquérito foi passado para mim, veio com diversas cotas do Ministério Público, que determinou o cumprimento de várias diligências, oitivas e juntadas de laudos. Despachei no mesmo momento, cumprimos (as exigências) e encaminhamos para o Fórum em setembro. Mas o MP pediu mais diligências, e estamos terminando de cumpri-las. É só isso que falta”, garante.

PJF ressalta projetos para mais de 5 mil crianças e adolescentes
A Prefeitura garante estar adotando uma série de medidas para integrar a segurança pública no município e atuar em projetos sociais voltados para a prevenção e retirada de jovens da vulnerabilidade social. A Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania articula ações com as polícias Civil e Militar e abriga a Guarda Municipal. Um Conselho Municipal de Segurança será criado “em breve”, mas detalhes não foram divulgados. “Temos um plano municipal de segurança em elaboração.”

Segundo a assessoria, os programas Bom de Bola, Gente em Primeiro Lugar e o Complexo Travessia, na Olavo Costa, envolvem mais de cinco mil crianças e adolescentes em ações de esporte, lazer e capacitação. Entre outros projetos citados, está o JF+Vida. “A proposta é tornar os serviços públicos acessíveis a populações vulneráveis aos problemas do álcool e outras drogas.” Também há a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e iniciativas voltadas para emprego. O Gente em Primeiro Lugar atua em 55 bairros, com oficinas em 67 locais, enquanto o Bom de Bola tem sete pontos espalhados por todas as regiões. O Núcleo Travessia conta com 11 oficinas e serviços, com quase 1.500 atendimentos desde 2016.

“A grande maioria dos casos com relação aos crimes violentos, aos assassinatos, é relacionada ao tráfico de drogas. Fizemos um trabalho durante esses anos de parceria com o Governo estadual como, por exemplo, o Olho Vivo. Temos a Guarda Municipal, mas o combate ao tráfico de drogas é mais um trabalho de exclusiva responsabilidade do Governo do estado, das polícias Militar, Civil e Federal”, afirma o prefeito Bruno Siqueira (MDB) em entrevista à Rádio CBN, apontando que deve-se evitar que os entorpecentes cheguem ao município.

Em relação à importância dos espaços públicos, o prefeito cita a Praça CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados), inaugurada em sua gestão. “É um complexo social, cultural, de esporte e lazer para população na Zona Norte, exatamente para que possamos ter equipamentos públicos para que a população, principalmente as crianças e os adolescentes, possa ter locais de ocupação fora do horário de escolas.” Sobre o Travessia, o chefe do Executivo afirma estar diagnosticando as falhas do projeto para melhorar em 2018. “Um dos pontos é fazer com que a população que mora na região mais alta (da Olavo Costa) possa frequentar mais o Travessia.”

Câmara aposta em abordagem mais ampla do crime
A quantidade de mortes violentas na cidade e o fato de a maioria delas estar ligada à disputa de grupos rivais, tendo o tráfico como pano de fundo, levou a Câmara Municipal a instaurar, no ano passado, uma Comissão Parlamentar de Inquérito, batizada de CPI de Combate às Gangues. Após quase oito meses de trabalho, os vereadores apresentaram relatório em dezembro com uma série de propostas, mas ainda não se sabe se ficarão só no papel. Inicialmente, chegou a ser proposta uma consulta popular sobre a proibição de bailes funks.

Entre as medidas divulgadas também está projeto para criar legislação exigindo estudos de impacto de segurança no entorno dos condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida, já que muitos desses, como o Araucárias, na Zona Sul, e o Parque das Águas, na região Norte, acabaram concentrando tragédias por reunir em um mesmo espaço pessoas de regiões e realidades distintas. Elaborar um Fundo Municipal de Segurança, com previsão de verbas para investimento em projetos sociais e melhorias na área, também foi apontado, além de um Seminário de Segurança Pública com o objetivo de reunir diversos setores para discutir o tema junto à população.

“A questão da violência em nosso município, já há algum tempo, integra a ordem do dia. Temos uma comissão permanente de Segurança Pública que vem realizando um trabalho excepcional, além de várias iniciativas da Casa, como realização de um seminário em conjunto com outras entidades (UFJF e OAB-JF) em 2013 e, mais recentemente, a criação de uma CPI, com foco na questão da violência entre gangues. Também aprovamos diversos requerimentos e promovemos mudanças da legislação municipal que trata do assunto”, elenca o presidente da Câmara, Rodrigo Mattos (PSDB).

Para o vereador, no entanto, chama atenção a permanência da questão da violência na pauta durante tanto tempo. “Precisamos de uma abordagem mais ampla do problema. Temos conversado quanto à necessidade de ampliarmos para outras comissões as discussões envolvendo violência, o que já vem ocorrendo em muitas ocasiões”, afirma, completando que a criminalidade passa pelas questões da saúde e educação, além dos direitos humanos, da criança e do adolescente, dos idosos e da mulher.

Ouvir os moradores e saber as reais necessidades
Professora de Direito Penal e Criminologia da Faculdade de Direito da UFJF e coordenadora do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Ciências Criminais (NEPCrim), Ellen Rodrigues, considera que o círculo de mortes violentas pode ser quebrado com programas que apostam no aumento das ofertas de escolas, lazer, cursos profissionalizantes, atividades musicais e artísticas, tudo feito em parceria com as famílias e as comunidades, procurando ouvir as reais necessidades e interesses dos moradores e não simplesmente impondo um modelo à força.

“(…) o investimento em ações afirmativas, construídas em conjunto com a comunidade, é o mais acertado caminho para a redução da violência em áreas degradadas e marcadas pelo crime.” Ellen Rodrigues, coordenadora do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Ciências Criminais

“Países como EUA, Alemanha, Nova Zelândia, Bélgica e Inglaterra foram pioneiros nessas práticas. Há muitas pesquisas sobre o tema que comprovam que o investimento em ações afirmativas, construídas em conjunto com a comunidade, é o mais acertado caminho para a redução da violência em áreas degradadas e marcadas pelo crime. Mais uma vez no Brasil, e também em Juiz de Fora, as coisas parecem ir na contramão: ao invés de ouvir a comunidade, muitas vezes se chega com um programa já todo definido, cujo desenho é feito por pessoas que desconhecem os processos de socialização da comunidade e, mesmo assim, querem convencer os moradores de que aquilo é o melhor para eles”, pontua Ellen, acrescentando que tal situação é especialmente problemática no município de Juiz de Fora, cuja violência entre jovens é muito marcada pelas brigas entre grupos de bairros rivais.

“Essa é uma característica da cidade e remonta ao processo de urbanização do município, que, atualmente, se vê agravada pelas disputas e conflitos relacionados a pontos de vendas de drogas e à posse de armas.”

https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/13-01-2018/jf-vive-epidemia-com-243-homicidios-por-cem-mil-habitantes.html