Com dinheiro do BB, Bendine exibia a amante na TV
Adriana Justi e Fernando Castro
G1 PR e RPC
O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine foi preso na 42ª fase da Operação Lava Jato deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (27) no Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Bendine foi preso em Sorocaba. A atual fase foi batizada de Cobra e cumpre três mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão. A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo ou convertida para preventiva, que é quando o investigado não tem prazo para deixar a prisão.
Segundo depoimento de delação feito por Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, Bendine solicitou e recebeu R$ 3 milhões para auxiliar a empreiteira em negócios com a Petrobras. Conforme os delatores, o dinheiro foi pago em espécie através de um intermediário.
Aparentemente, de acordo com a PF, estes pagamentos somente foram interrompidos com a prisão de Marcelo Odebrecht. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
AMIGO DE DILMA – Em 2015, Bendine era braço direito da então presidente Dilma Rousseff. E deixou o banco com a missão de acabar com a corrupção na petroleira, alvo da Lava Jato. Mas, segundo os delatores, ele já cobrava propina no Banco do Brasil, e continuou cobrando na Petrobras.
O pedido de propina, segundo os delatores, foi feito em 2014, quando Aldemir Bendine era presidente do Banco do Brasil. Na delação de Fernando Reis, o ex-executivo da Odebrecht conta que foi procurado por um representante de Bendine, o publicitário André Gustavo Vieira da Silva, com uma queixa sobre o ministro da Fazenda Guido Mantega.
Em junho deste ano, o juiz Sérgio Moro, que é responsável pelos processos da Lava Jato, autorizou abertura de inquérito para investigar Bendine.
CODINOME “COBRA” – O nome da operação é uma referência ao codinome dado ao principal investigado nas tabelas de pagamentos de propinas apreendidas no chamado Setor de Operações Estruturadas da Odrebrecht durante a 23ª fase da operação.
A 41ª fase da operação foi batizada de “Poço Seco”, em maio deste ano. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o ex-gerente da Petrobras Pedro Augusto Cortes Xavier Bastos e o ex-banqueiro José Augusto Ferreira dos Santos, além de outras cinco pessoas são suspeitos de terem recebido pagamentos ilícitos, entre 2011 e 2014, que totalizaram mais de US$ 7 milhões.
Em junho, o juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia do MPF contra Pedro Xavier. Ele é réu no processo e responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Num país minimamente sério, Bendine já teria sido preso desde a época em que levava a amante Valdirene Marchiori em viagens oficiais do Banco do Brasil, que patrocinava as aparições dela na TV no programa de Amaury Júnior. Arranjou também um empréstimo para ela no BNDES, para comprar um Porsche. Mas a impunidade não era surpreendente, porque o então presidente Lula tinha criado um cargo público exclusivamente para a amante, com alto salário, cartão corporativo, assessoria, carro oficial e motorista, e não aconteceu nada, rigorosamente nada, reforçando a velha pergunta de Francelino Pereira: “Que país é esse?” (C.N.)Posted in Tribuna da Internet