Fotomontagem sem autoria, reproduzida do Arquivo Google
Wálter Nunes
Folha
Emílio Odebrecht, patriarca da empreiteira que leva seu sobrenome, irá cumprir pena de quatro anos de prisão domiciliar, decorrente de acordo de colaboração premiada no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo o acordo feito entre o dono da Odebrecht e os procuradores da força-tarefa, ele cumprirá os dois primeiros anos em prisão domiciliar no regime semiaberto, quando poderá trabalhar durante o dia e deverá se recolher em casa à noite. Os dois anos restantes da pena serão cumpridos em regime aberto, quando ele deverá estar em casa nos finais de semana. Emílio usará tornozeleira eletrônica nesse período.
A pena do dono da Odebrecht não será cumprida de imediato. Durante um período superior a um ano ele ficará livre, mas com a responsabilidade de atuar como uma espécie de “fiador” dos acordos celebrados entre a empresa e a Lava Jato.
Emílio Odebrecht cuidará para que as diretrizes anticorrupção acordadas com os investigadores sejam implementadas de fato. Também comandará a transição das lideranças dentro da Odebrecht, consequência do afastamento dos funcionários que participaram da delação premiada.
COLABORAÇÃO DEFINITIVA – Segundo fontes da Odebrecht que pediram para não serem identificadas, após a Lava Jato descobrir que na empresa havia um departamento destinado à contabilidade da propina, Emílio procurou os integrantes da força-tarefa com a proposta de entregar aos procuradores o que ele chamou de “colaboração definitiva” da empresa. Era o mês de março passado.
O patriarca, então, comandou internamente todo o processo, que consistiu em contar práticas da empresa desde a época em que ele era presidente até o período da gestão do seu filho Marcelo.
Emílio assumiu o cargo de diretor-presidente da Odebrecht em 1991, em substituição ao pai, Norberto. Ficou no posto até 2002, quando deu lugar ao executivo Pedro Novis. Em 2009, Novis foi substituído por Marcelo, que ficou no cargo até ser preso na Lava Jato. Desde 1998 Emílio é presidente do conselho de administração da Odebrecht, cargo sem função administrativa.
MARCELO AINDA PRESO – Marcelo Odebrecht continua preso em Curitiba e só sairá da cadeia no final de 2017. Depois disso cumprirá cinco anos de prisão domiciliar usando tornozeleira, conforme a Folha adiantou.
Metade desse tempo será em regime fechado, sem direito a sair de casa. A metade final será em regime semiaberto, onde é permitido que ele saia para trabalhar durante o dia e volte à noite para sua residência.
A Odebrecht assinou o maior acordo de leniência (espécie de delação para empresas) já feito no mundo, em que se propôs pagar uma multa de US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 8,4 bilhões), dividida em 23 parcelas.
RELAÇÕES COM LULA – Em depoimento, Emílio falou sobre as relações da empreiteira com o ex-presidente Lula. Ele e o ex-diretor Alexandrino Alencar eram os responsáveis na Odebrecht pelo contato com Lula.
Durante a assinatura dos acordos de delação premiada da Odebrecht, que aconteceu na semana passada, vários funcionários da companhia estavam desolados, segundo a Folha apurou.
Os executivos mais novos, a maioria na casa dos 40 anos de idade, lamentavam que além da pena imposta pela justiça eles também tiveram suas carreiras condenadas na Lava Jato, já que o mercado deve fechar as portas para eles. Como perguntou um ex-diretor da empresa que pediu anonimato, “quem vai contratar alguém envolvido na Lava Jato?”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O importante dessa matéria quase passa despercebido. O patriarca Emilio Odebrecht já revelou à força-tarefa da Lava Jato como o então presidente Lula da Silva participava do esquema de corrupção das empreiteiras. Como se sabe, além de bancar as falsas palestras de Lula, foi a Odebrecht que fez a grande reforma do sítio de Atibaia. E ainda há quem acredite que Lula vai sair candidato em 2018 e pode ganhar a eleição… (C.N.)