Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)
Francisco Vieira
O problema da segurança vai se agravar, devido ao arrocho nas contas públicas. As polícias civil e militar estão quebradas e desmotivadas. Na verdade, pode-se até dizer que não existe mais polícia nem mesmo na capital do país, o centro do poder. Para que se tenha uma ideia, a Polícia Civil do Distrito Federal, que investiga os crimes, só prende em flagrante e está com o mesmo efetivo da década de 80, mesmo com a população tendo quadruplicado. Tem mais de oito anos que a Polícia de Brasília faz greve, nunca conseguiu qualquer aumento/reposição salarial extra e teve que suportar a queda de 60% do poder de compra, corroído pela inflação. Até hoje faz uma greve por semestre, inutilmente.
Em todo o país, a situação é a mesma. Por isso, apenas entre 4% a 8% dos homicídios cometidos no Brasil são elucidados, um dos menores índices do mundo, e nem todos os autores de assassinatos são condenados e cumprem pena.
SOLTAR OS BANDIDOS – Enquanto isso, a organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), criada há décadas em São Paulo, se espalha como um câncer, já atua até em países vizinhos, como Paraguai e Bolívia, e tem mais poder nos presídios do que os governadores.
O novo ministro da Justiça Alexandre de Moraes e o Conselho Nacional de Justiça, presidido pela ministra Cármen Lúcia, já sinalizaram que pretendem resolver o problema da superlotação carcerária soltando os bandidos nas ruas.
O país tem hoje mais de 500 mil mandados de prisão não cumpridos – e eu chuto um, dois milhões de bandidos cumprindo pena em liberdade ou protegidos pelas medidas cautelares alternativas à prisão. Como eles precisam comer, beber e vestir, continuam cometendo crimes para permanecerem vivos. E alguém tem que pagar por isso. Com a vida ou com o patrimônio.
PERDA DE TEMPO – Ora, a situação caminha para o quadro em que reclamar ou registrar ocorrência passará a ser uma perda de tempo. Se você quiser justiça, terá de fazê-la com as próprias mãos, se não tiver dinheiro para pagar seguranças particulares.
Fui a um posto da PM aqui em Brasília. Estava com algumas motos emparelhadas, mas só tinha um policial. Ele disse que não poderia sair e deixar o patrimônio desprotegido. E outra: as motos eram só para dá uma “sensação de segurança”, pois estavam enguiçadas. Nas grandes cidades, a PM põe viaturas em locais visíveis, em um cruzamento principal, para ser vista pela população, sem gastar combustível.
Enquanto tudo isso ocorre, o cidadão de bem continua proibido de ter uma arma em casa, para defesa de sua família e de seu patrimônio, embora o povo brasileiro, em plebiscito oficial, tenha se manifestado contra o desarmamento.