SEMANA PASSADA
Aletheia. Erga omnes. Verdade e realidade. Vale para todos.
Ex presidente Lula
A expedição do mandado de condução coercitiva dirigida ao ex presidente Lula foi uma coincidência. Não é reação da Polícia Federal à substituição do ministro da Justiça.
Outra fortuita coincidência: as cinco maiores empresas envolvidas na corrupção na Petrobras, investigadas pela Lava Jato, são as empresas que financiaram o Instituto Lula, pagaram as palestras do ex presidente e fizeram obras no apartamento de Guarujá e no sítio em Atibaia.
Simples coincidência: o conjunto daquelas empresas destinou R$ 20 milhões em doações ao grupo PT/Instituto Lula e R$ 10 milhões para palestras do ex presidente.
Mera coincidência: a guarda de dez contêineres, contendo objetos de propriedade do ex presidente, foi paga por uma daquelas empreiteiras durante mais de quatro anos.
Não é coincidência a politização que PT e governo tentam, a partir de agora, impingir à investigação.
A semana
Semana shakespeariana. Cheia de ambiguidades e temor. E cheiro de ódio queimado. Semana que trouxe fatos históricos: na economia, a queda de 3,8% do PIB brasileiro. Recorde negativo desde que, a partir de 1994, o IBGE apura esse número. Alto preço paga a sociedade brasileira por má gestão econômica.
Na política, o STF autorizou, pela unanimidade dos dez votos dos ministros da Corte, abertura de inquérito penal contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha. É a primeira vez que o dirigente maior da Câmara sofre tal arguição.
Outro fato, a ser confirmado, é a delação premiada do senador Delcídio Amaral. Que atribui à atual presidente da República, Dilma Rousseff, e ao ex presidente, Lula, tentativas de obstrução de Justiça, no âmbito da operação Lava Jato. Entre outras acusações.
O terceiro fato, policial, foi a condução coercitiva do ex presidente Lula para prestar declarações ao Ministério Público Federal.
A volta por cima
Tudo isso ocorreu quando o ex presidente Lula obteve breve vitória. Ele conseguiu que a presidente Dilma substituísse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Seria o primeiro passo para frear a ação da Polícia Federal que constrange a família Lula da Silva. E enfraquecer a operação Lava Jato.
Após a delação do senador Delcídio, será muito mais difícil mexer na Polícia Federal. A PF dá a volta por cima ?
O novo ministro da Justiça
Confesso que não sei seu nome. Obscuro procurador baiano da confiança do Chefe da Casa Civil, Jacques Wagner. Colocado no governo para sustar a operação Lava Jato?
Imagino como terá sido seu primeiro café da manhã, no cargo, ontem.
Usina de ilegalidades
A delação do senador Delcídio confirma que o petismo tornou-se escola de transgressores: Dirceu, Delúbio, Vaccari. Crescendo a cada descoberta.
Improvável central de delitos, o petismo dispensou ideias e ideias, abandonou o estatuto da ética. Transformou-se em gerência de projetos patrimonialistas.
* * *
Figura da semana – Jorge Luís Borges
Fechemos a semana em verde e amarelo. Com trecho de poema de Jorge Luís Borges, intitulado Xadrez.
“Em seu grave rincão, os jogadores
as peças vão movendo. O tabuleiro
retarda-os até a aurora em seu severo
âmbito, em que se odeiam duas cores.
Dentro irradiam mágicos rigores
as formas: torre homérica, ligeiro
cavalo, armada rainha, rei postreiro,
oblíquo bispo e peões agressores.
Quando esses jogadores tenham ido,
quando o amplo tempo os haja consumido,
por certo não terá cessado o rito.
Foi no Oriente que se armou tal guerra,
cujo anfiteatro é hoje toda a terra.
Como aquele outro, este jogo é infinito.”
Até a próxima.
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