domingo, 22 de novembro de 2015

Carreta do Papai Noel da Cemig vai percorrer as regiões do Estado


A Cemig vai presentear milhares de crianças em todo o Estado ao levar em sua Carreta de Natal o Papai Noel para 24 cidades de todas as regiões de Minas, em um ação inédita e que levará a magia dessa época do ano para a criançada.

A partir da próxima segunda-feira (23/11), a Carreta do Papai Noel da Cemig começará sua viagem pelas regiões mineiras na Rua Mariana (próximo ao Batalhão da Polícia Militar), no bairro General Carneiro, em Sabará, na região Metropolitana de Belo Horizonte. As crianças poderão tirar fotos com o Bom Velhinho e outros enfeites da Casa do Papai Noel, além de ganharem algumas guloseimas. O horário de funcionamento da atração será das 16 às 22 horas.

De acordo com Kelson Dias de Oliveira, engenheiro da Cemig e coordenador da iluminação de Natal, a empresa tem essa tradição de presentear os belo-horizontinos com a decoração de natal. “Mas achamos que outras localidades também merecem essa atenção e por isso criamos essa ideia para percorrer algumas regiões e levar um pouco desse evento para todas as pessoas”, afirma.

Kelson explica que as prefeituras das cidades que vão receber a Carreta do Papai Noel da Cemig oferecem o espaço em que a carreta ficará na cidade e também o Papai Noel que irá alegrar a criançada.

A Cemig já tem tradição no apoio do projeto de iluminação da Cemig teve início em 1987 com a decoração da Praça da Liberdade e do Palácio da Liberdade. No ano seguinte, a iniciativa foi expandida para a sede da empresa. Onze anos depois, o Programa Natal de Minas expandiu a ação para cidades do interior, iluminando vários prédios da Cemig no Estado.

Confira a programação da Carreta do Papai Noel em Sabará

Data: 23 de novembro de 2015, segunda-feira
Horário: 16 às 22 horas
Endereço: Rua Mariana, bairro General Carreiro, em Sabará – próximo ao Batalhão da Polícia Militar

http://blog.cemig.com.br/2015/11/carreta-do-papai-noel-da-cemig-vai.html

Ônibus cai em ribanceira e deixa feridos em Juiz de Fora

22/11/2015 10h13 - Atualizado em 22/11/2015 10h53

Do G1 Zona da Mata

Acidente deixou 18 feridos em Juiz de Fora 
 (Foto: 1º Sargento Edmilson Brugger/Arquivo pessoal)

Um ônibus caiu em uma ribanceira na noite deste sábado (21), em Juiz de Fora, e deixou feridos. Equipes do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram chamadas na Rua Goiás, no Bairro São Sebastião, e socorreram pelo menos 18 pessoas. O G1tentou contato com a empresa responsável pelo ônibus, mas não conseguiu até a publicação desta matéria. 

Segundo a Polícia Militar (PM) e a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde, os feridos foram encaminhados para o Hospital de Pronto-Socorro (HPS). Dos feridos, 17 foram medicados e liberados. Apenas uma pessoa segue internada., porém está lúcida e sem ferimentos graves, informou a assessoria da Secretaria de Saúde.

De acordo com a PM, que está finalizando o registro da ocorrência, a suspeita é de que houve um problema no freio do veículo. O ônibus, que estava indo para o Rio da Janeiro, bateu em um barranco e caiu numa ribanceira. O veículo atingiu parte de um imóvel desocupado. Policiais aguardam um guincho para a retirada do ônibus do local.

PT VOTOU, NO SENADO, CONTRA A LEI ANTITERRORISMO


PT quer manter os blackblocs fora do alcance da nova lei

Percival Puggina

Há poucos dias, bem poucos dias, em 28 de outubro, o Senado Federal votou o projeto de lei Nº 499 de 2013, que define e tipifica, penalmente, o crime de terrorismo. Foram quatro horas de discussão, com o projeto encontrando forte resistência das bancadas de esquerda, especialmente dos senadores petistas. O motivo da rejeição: o projeto define o terrorismo de uma forma que o torna aplicável às ações violentas e predadoras dos Black Blocs e movimentos sociais apadrinhados pelo PT, como o MST e o MTST. Este último, recentemente, decidiu investir contra a pacífica manifestação pelo impeachment acampada diante do Congresso Nacional. Pessoas que tomam a violência como argumento precisam ser mantidas longe do poder.

O projeto que viera da Câmara dos Deputados concedia salvo-conduto para os crimes praticados coletivamente, ou seja, violência e o terrorismo praticados em grupo e com alegadas justificativas “sociais”. A proposta do Senado foi aprovada por 38 a 18 e agora volta à Câmara.

http://www.tribunadainternet.com.br/pt-votou-no-senado-contra-a-lei-antiterrorismo/

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Jovem é morto no Bairro Vila Ozanan em Juiz de Fora

19/11/2015 09h14 - Atualizado em 19/11/2015 09h14

Do G1 Zona da Mata

Um jovem de 18 anos foi assassinado a tiros na madrugada desta quinta-feira (19) na Rua Abílio José Gomes, no Bairro Vila Ozanan, em Juiz de Fora. De acordo com a Polícia Militar (PM), policiais que faziam patrulhamento pelo bairro ouviram os tiros.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) fez o atendimento e confirmou a morte do jovem ainda no local do crime. A perícia foi acionada e, segundo a PM, foi constatado que a vítima apresentava nove perfurações por disparos de arma de fogo. O corpo foi removido por uma funerária.

Testemunhas disseram aos militares que o suspeito é um morador do Bairro Olavo Costa. Ninguém foi preso.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Entregador é rendido e carga de cigarros é roubada em Juiz de Fora

18/11/2015 16h14 - Atualizado em 18/11/2015 16h14

Do G1 Zona da Mata

A Polícia Militar (PM) registrou um roubo a um entregador de cigarros, na manhã desta quarta-feira (18), no Bairro São Pedro, em Juiz de Fora. De acordo com informações da PM da cidade, o motorista de um veículo Ducato, um jovem de 25 anos, contou que foi abordado por dois indivíduos após realizar uma entrega na Avenida Senhor dos Passos.

Um dos suspeitos estava armado de pistola e ordenou que o jovem tirasse a bateria do celular e os acompanhasse até uma estrada de terra próxima. Os assaltantes retiraram a carga do veículo e repassaram para uma caminhonete Hilux, que estava com a placa encoberta. O Ducato e o motorista foram abandonados no local.

A vítima ainda disse à PM que foi ameaçada de morte e esperou por 20 minutos para solicitar ajuda, como ordenado pelos autores do crime. A PM realizou rastreamento, mas não encontrou os suspeitos.

Trio que aliciava adolescentes para o tráfico é preso em Juiz de Fora

18/11/2015 15h49 - Atualizado em 18/11/2015 15h49

Rafael Antunes
Do G1 Zona da Mata

Delegada deu detalhes sobre a operação desta quarta-feira 
(Foto: Rafael Antunes/G1)

Três jovens, sendo duas mulheres e um homem, foram presos nesta quarta-feira (18), durante uma operação integrada entre a 5ª Delegacia de Polícia Civil e a Polícia Militar (PM). Todos são suspeitos de aliciar adolescentes para o tráfico de drogas na cidade.

De acordo com a delegada responsável pela operação, Sheila Oliveira, os autores ofereciam festas com bebidas e drogas liberadas para atrair os adolescentes.

“Recebemos denúncias de pais que sabiam que os filhos estavam usando drogas e estavam tentando tirá-los do vício, mas este grupo não deixava. Eles promoviam festas, churrascos, acampamentos e retiravam os jovens da casa dos pais, às vezes de forma agressiva, para levá-los aos eventos. Lá, forneciam substâncias entorpecentes”, contou.

As prisões aconteceram nos Bairros Bairu, Eldorado e Manoel Honório. Tanto as jovens, de 19 e 27 anos, quanto o rapaz, de 24 anos, estão sendo ouvidos neste momento. Um outro suspeito já foi identificado, teve o mandado de prisão expedido, mas ainda não foi encontrado pelos policiais.

Também foram apreendidos com os suspeitos uma espingarda, um revólver, munições e cinco celulares.
Armas e celulares foram apreendidos durante a operação integrada, em Juiz de Fora (Foto: Rafael Antunes/G1)

Parceria começou na sexta-feira
Na última sexta-feira (13) outras duas pessoas foram presas e um adolescente foi apreendido, já em ação conjunta entre Civil e PM, nos bairros Vila Olavo Costa e São Benedito.

Na ocasião, foram recuperados dois veículos - uma motocicleta e um carro- roubados, além de cocaína e cerca de R$ 4 mil, que estavam na casa de um dos suspeitos.

Seguro não dá para pagar dano - Cobertura para recuperar patrimônio da empresa é 17,7 vezes maior que fatia para indenizações


Conjunta. Presidente se reuniu com governadores de Minas e do Espírito Santo para traçar plano de ação

PUBLICADO EM 18/11/15 - 04h00
QUEILA ARIADNE

O valor da apólice de seguro da Samarco é um segredo que a empresa não revela, alegando confidencialidade contratual. Entretanto, com base em comentários feitos por investidores e pelo diretor de finanças da Vale, Luciano Siani, é possível estimar que a parte destinada a cobrir danos patrimoniais – como a barragem rompida – é no mínimo 17,7 vezes maior que a cobertura para responsabilidade civil, na qual entrariam indenizações e reconstrução das casas e dos distritos afetados pela tragédia, por exemplo. Ao que tudo indica, os impactos ambientais nem sequer estão previstos na apólice, que nem de longe seria suficiente para cobrir todos danos. 

Durante teleconferência da Vale para investidores, há dois dias, Siani afirmou que o valor referente à responsabilidade civil é menor que a multa de R$ 250 milhões aplicada pelo Ibama à Samarco. Ainda durante a conferência, foi citado por um representante do Credit Suisse (banco suíço de investimento) que, segundo nota explicativa da Samarco, a apólice seria de US$ 1,17 bilhão, ou R$ 4,68 bilhões. Mesmo que a parcela da responsabilidade civil chegasse a R$ 250 milhões, sobrariam R$ 4,43 bilhões para cobrir o risco do negócio – que inclui o patrimônio da empresa, danos a equipamentos e prédios.

“No que diz respeito à responsabilidade civil, o seguro da Samarco é bem inferior já aos primeiros valores que estão se discutindo de indenizações. Ele, por exemplo, é inferior à própria multa que o Ibama já aplicou à companhia. Então deve-se pensar no seguro mais como uma cobertura para interrupção de negócio do que como uma cobertura para responsabilidade civil”, disse Siani.

O executivo não revelou a cifra, mas esclareceu que os valores que as empresas costumam citar em suas notas explicativas agregam todas as coberturas e ressaltou que o montante, embora não corresponda exatamente ao valor da apólice, se refere ao equivalente para um ano de interrupção de negócio. “São mais aplicáveis, como eu falei, à questão de recomposição dos danos materiais, dos ativos da companhia e à interrupção de negócios”, justificou Siani.

Prática comum

Consultor de seguros e resseguros da Polido e Carvalho, Walter Polido explica que no Brasil é normal que as coberturas a terceiros sejam inferiores às dos danos patrimoniais, citando o exemplo da cobertura da perda parcial de um carro, muito maior do que a cobertura de acidentes em terceiros. Ele destacou que, por questões culturais, as empresas não têm hábito de contratar seguros específicos para cobrir riscos ambientais, embora o mercado ofereça essa opção desde 2004. 

“A Samarco, pelo visto, não tem cobertura para danos ambientais, ela tem uma apólice de responsabilidade civil, que, normalmente, poderia até trazer uma cláusula adicional para cobertura de poluição súbita e acidental. No entanto, essa cláusula é restritiva e exclui cobertura por danos a bens naturais”, avalia Polido, que é especialista em responsabilidade civil e riscos ambientais. 

De acordo com o consultor, como a apólice da responsabilidade civil da Samarco é menor do que R$ 250 milhões e os danos são imensuráveis, a empresa terá que tirar dinheiro do próprio bolso para dar conta das indenizações e da recuperação ambiental. O patrimônio da empresa é de R$ 4,3 bilhões, e os prejuízos estão estimados em mais de R$ 10 bilhões.

Ação

A Associação de Defesa de Interesses Coletivos protocolou ação civil pública contra a Samarco pedindo indenização de R$ 10 bi por dano ambiental e uma condenação por dano moral coletivo.

Jornal O Tempo

Adolescente é assassinado e outro fica ferido em Juiz de Fora

18/11/2015 09h38 - Atualizado em 18/11/2015 09h38

Do G1 Zona da Mata

Um adolescente de 17 anos foi assassinado a tiros e outro de 14 ficou ferido no Bairro Jardim de Alá, em Juiz de Fora, na noite desta terça-feira (17). Testemunhas contaram aos policiais que as vítimas têm envolvimento com drogas.

A vítima que sobreviveu contou à Polícia Militar (PM) que dois suspeitos, que estavam a pé, atiraram contra eles na Rua Argemiro José Machado e fugiram em seguida.

Ele foi atingido no pé e encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro (HPS). O G1 entrou em contato com a unidade de saúde para obter informações sobre o estado dele e aguarda retorno.

O adolescente de 17 anos foi encontrado dentro de uma casa. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) confirmou a morte dele ainda no local do crime. Após o trabalho da perícia, o corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML).

De acordo com a PM, ninguém foi preso até o momento.

Mulheres negras se unem contra o racismo e a violência em marcha em Brasília

18/11/2015 06h04
Brasília
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil


Mulheres negras de todo o país se reúnem hoje (18) em Brasília, na 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras. A expectativa da organização é que elas sejam mais de 15 mil em luta contra o racismo, a violência e as más condições de vida enfrentadas por essa população.

“Nos últimos anos, tivemos um grande processo de reformulação, de mudanças, de ampliação de direitos, de acesso a políticas e a bens e serviços. No entanto, quando a gente faz um recorte racial e de gênero, identificamos que as mulheres negras, um quarto da população, estão em condição de vulnerabilidade, de fragilidade, sem garantias”, diz a coordenadora do núcleo impulsor da Marcha, Valdecir Nascimento, coordenadora executiva do Instituto da Mulher Negra da Bahia (Odara)

Dados do último Censo, de 2010, indicam que as mulheres negras são 25,5% da população brasileira (48,6 milhões de pessoas).

Isso não garante, entretanto, que elas tenham mais direitos garantidos. Entre as mulheres, as negras são as maiores vítimas de crimes violentos. De 2003 para 2013, o assassinato de mulheres negras cresceu 54,2%, segundo o Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil. No mesmo período, o índice de assassinatos de mulheres brancas recuou 9,8%, segundo o estudo feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres.

“A Marcha quer falar de como um país rico como o Brasil não assegura o nosso direito à vida. Queremos um novo pacto civilizatório para o país. O pacto atual é falido e exclui metade da população composta por mulheres e homens negros”, diz Valdecir.

A concentração da 1ª Marcha das Mulheres Negras será no Ginásio Nilson Nelson, na região central da capital. Uma caminhada em direção à Praça dos Três Poderes terá início às 9h.

Devem se juntar às brasileiras a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, ex-vice presidenta da África do Sul, e a ex-integrante do grupo Panteras Negras e do Partido Comunista dos Estados Unidos, Angela Davis. Também é esperada a participação de Gloria Jean Watkins, mais conhecida pelo pseudônimo bell hooks, autora, feminista e ativista social norte-americana.


Edição: Lílian Beraldo

http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-11/mulheres-negras-se-unem-contra-o-racismo-e-violencia-em-marcha-em

O juiz, a carteirada e o camarote

13/11/2014

Matheus Pichonelli – qua, 12 de nov de 2014

Há um aspecto simbólico (aliás muitos) na condenação de uma agente de trânsito pela ousadia de parar um juiz numa blitz no Rio de Janeiro*. O magistrado, como se sabe, infringia a lei ao dirigir uma Land Rover sem placa e sem documentação. A funcionária que o autuou foi condenada por lembrar o óbvio ao doutor: juiz não é Deus. Em outras palavras, a lei vale para todos. 

A primeira lição do episódio é que, por essas bandas, o óbvio nunca é assim tão óbvio. Tanto não é óbvio que ofende, gera processo, pune. Ao menos Josef K., personagem de Franz Kafka em O Processo, desconhecia os motivos de sua perseguição. No caso da profissional, as razões vinham em cores gritantes: no Brasil há cidadãos de primeira e de segunda categoria, e só estes últimos estão, ou deveriam estar, sujeitos à lei. A sentença, se não conferia ao magistrado uma entidade divina, ao menos o garantia na primeira classe. 

A condenação não poderia ser mais revoltante – e, no entanto, não poderia fazer mais sentido. Num país onde parte dos magistrados aposentados segue desfrutando de apartamentos funcionais, mantém sociedade em institutos de ensino, aceita patrocínios privados para eventos de classe, solta banqueiro corrupto e condena o policial que o investigou, o juiz da carteirada apenas agiu no conforto de quem sabe onde pisa. A carteirada, de toda forma, diz muito sobre as fragilidade e contradições de um dos pilares dos Três Poderes, embora, com a repercussão do caso, tenha sido alvo de críticas dos colegas e do próprio Conselho Nacional de Justiça.

Fato é que a negação de um servidor público em agir, na vida pública e privada, como um servidor revela, em si, o desprezo pela ordem semântica da própria função. Reitero: desprezo não é ignorância. Esse desprezo coloca em xeque o próprio funcionamento da Justiça em caixa alta: ela nem sempre está a serviço da justiça em caixa baixa. 

A repercussão da carteirada nas redes sociais deixou claro, no entanto, que essa construção da barreira simbólica entre cidadãos de primeira e segunda categorias já não é aceita como antes. A mudança das relações de poder, mais horizontais que verticais, tende a incutir o elemento da petulância, no ótimo sentido, a esse tipo de abordagem. Sai o “sim senhor” dos subordinados e entra o “quem você pensa que é?” dos indivíduos conectados e cientes dos próprios direitos. Essa é a boa notícia.

A má é que essa transição só será completa quando compreendermos uma aparente contradição: o mundo que caminha para estabelecer relações horizontais entre professores e alunos, líderes religiosos e fieis, pais e filhos, representantes e representados é o mesmo que estimula a obsessão pelo camarote. Explico. Há alguns anos, conforme contei numa crônica antiga (clique AQUI), assisti incrédulo à cerimônia de colação de grau de uns formandos em odontologia em uma tradicional universidade pública. Lá o discurso de professores e coordenadores era uníssono: “comemorem, nobres formandos, vocês são uma casta privilegiada: poucos conseguem entrar em nossa faculdade, e pouquíssimos conseguem sair dela formados. Vocês representam 0,00000001% da população que tiveram esse privilégio”.

Num país onde ter dente ou não é razão suficiente para colocar indivíduos em primeiras, segundas e terceiras categorias, nada poderia soar tão anacrônico, mas aquele discurso não saiu do nada: o discurso do vencedor, por aqui, sempre esteve associado ao privilégio, e quase nunca às missões inglórias – entre as quais a possibilidade de usar o canudo para minimizar os efeitos de um país devastado em sua origem, das capitanias hereditárias à escravidão, passando pelos açoites, regulamentados ou não, das relações humanas. Essa perversidade nos legou um país de banguelas e aquela formatura era a graça da desgraça do banguela de que fala a música de Zeca Baleiro.

A mesma lógica (“não sou qualquer um”) levou, recentemente, uma professora universitária a fazer galhofa, em público, sobre um passageiro mal vestido no aeroporto. E levou uma jovem jornalista a se queixar, também em público, da segurança da balada por obrigá-la a pegar fila mesmo após ser avisada de que era jornalista, e não uma simples mortal. A carteirada, portanto, é quase um patrimônio. É mais grave, obviamente, quando oferecida por um servidor público, mas a origem da serventia é uma base tentacular de um país onde privilégios são vistos como direitos, e direitos são vistos como favores, como definiu brilhantemente o jornalista Luiz Fernando Viana em uma coluna recente na Folha de S.Paulo.

As sucatas dessa transição podem ser encontradas na separação entre o elevador de serviço e o elevador “social”. Ou no uso de ascensoristas para levar o patrão direto ao andar desejado sem ser incomodado. Ou nos slogans de propagandas para atrair os clientes prime. No Brasil o status é calculado pelo tamanho da fila: uns simplesmente adquirem, por dinheiro ou mérito próprio, o direito de dispensá-la. Ainda que esta fila seja a própria lei.

*Na foto, uma blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro (Clarice Castro/ GERJ)

https://br.noticias.yahoo.com/blogs/matheus-pichonelli/o-juiz-a-carteirada-e-o-camarote-125637682.html