PUBLICADO EM 10/08/15 - 03h00
Evite o incômodo. Dormir de lado e não ingerir álcool e sedativos à noite ajuda
LITZA MATTOS
Não há uma noite de sono sequer que resista à sinfonia de um ronco. Mas uma série de exercícios promete salvar as madrugadas de roncadores e familiares que convivem com o problema. Se praticada diariamente, a técnica desenvolvida pelos pesquisadores do Laboratório do Sono do Instituto do Coração (Incor) pode diminuir em até 36% a frequência do barulho e em até 60% a potência do ruído.
Simples, porém eficaz, o tratamento consiste basicamente em uma série de seis exercícios para serem feitos três vezes ao dia com o objetivo de fortalecer os músculos envolvidos direta ou indiretamente na produção do ronco e na apneia obstrutiva do sono (veja o infográfico).
“Dormir de lado, não ingerir álcool ou sedativos à noite e perder peso são dicas gerais que também ajudam. Mas, do mesmo jeito que as pessoas vão à academia para fazer ginástica, é preciso exercitar também os músculos da garganta. Muitas pessoas não têm consciência disso, mas podem aprender a usar essa musculatura para estabilizar a garganta”, explica o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho.
A técnica foi testada em um grupo de 39 pacientes adultos (de 20 a 65 anos), de ambos os sexos, com queixas de ronco, mas só funciona para tratar os casos de graus leve e moderado da apneia do sono. “Se o ronco é alto e irregular, incomoda, se a pessoa sente cansaço ou sonolência durante o dia, ou tem doença cardíaca, cuidado. Além da obstrução da garganta, o paciente pode vir a ter um colapso total, levando a episódios de apneia obstrutiva do sono. Nesses casos, o tratamento é feito com uma máscara de compressão de ar”, alerta o diretor do Incor.
Brasil. Muito presentes na vida de vários brasileiros, dois fatores que levam ao ronco continuam a crescer no país: a obesidade (18% da população) e a progressão da idade que continua a avançar.
Diagnosticado com o problema há três anos, o desenvolvedor de sistemas de tecnologia da informação Enio Silveira Jr., 47, conta que sofre com o ronco há muito tempo. “Não tinha qualidade alguma no sono. Eram cochilos. Não conseguia dormir mais do que duas ou três horas seguidas. Tomava muito energético, cápsulas de guaraná e café para ficar acordado no início da tarde”, lembra.
Depois de tentar “várias soluções de farmácia”, hoje ele tem o problema controlado com o uso do aparelho de pressão contínua, mas se entusiasmou com os exercícios desenvolvidos pelo Incor. “Ainda não tentei os exercícios, mas vou fazê-los. Mesmo tendo solucionado a apneia com o uso de CPAP, se os exercícios ajudarem a manter a pressão menor, será bom. Pelo mesmo motivo, estou fazendo regime, para que a pressão necessária no aparelho diminua”, diz.
Apesar de não ter qualquer contraindicação, os médicos orientam que, antes de adotar os exercícios, os pacientes sigam a orientação de um fonoaudiólogo.
Acúmulo de gordura e flacidez favorecem vibração da faringe
O ronco é o barulho causado pela vibração dos tecidos da faringe quando o ar passa nessa região. Como a garganta é estreita, quando dormimos, há um relaxamento natural dessa musculatura e uma tendência de colapso nessa região, que vibra quando o ar passa por ela.
Essa condição é agravada no obeso pelo acúmulo de gordura na região do pescoço, que dificulta ainda mais a passagem do ar. Já em pessoas idosas e nas mulheres depois da menopausa, o ronco é favorecido pela flacidez dos tecidos da faringe.
O problema deve ser acompanhado de perto, porque, segundo o presidente da Associação Brasileira do Sono, Geraldo Lorenzi, o ronco pode ser a “ponta de um iceberg” de uma doença mais grave, a apneia obstrutiva do sono, que leva à parada da respiração.
Flash
Entenda. A gravidade da apneia obstrutiva do sono é determinada pelo número de paradas da respiração por hora de sono: leve (5 a 15), moderada (15 a 30) e grave (mais que 30).
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