HISTÓRIA DE GENTE DE PERTO DE MIM (3)
Dona Geó e o bebinho de Bodocó
Zé Maria Marques (Poeta e advogado )
Lá pela década de 70, a “puliça” do alto Sertão do Araripe nem de longe sabia o que era “viatura”, os infratores eram conduzidos a pé, de bicicleta ou, dependendo do estado etílico, de carro de mão, quando veio um chamamento pra conterem um bebinho que atentava ostensivamente contra a ordem pública no “quadro da rua”.
O bebinho estava até calmo, esculhambava somente com o padre, o juiz, o prefeito, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica.
Sim, e também com a senhora mãe do delegado, que era um cabo da gloriosa PMPE.
E lá vão o cabo e os dois únicos soldados, arretados por interromperem a “madorna” do meio-dia e num sol de torar. Todos saem pra cumprir mais uma missão.
Chegando lá, estava armada a confusão, o bebinho, com um “quicé” de faca, já tinha botado gente pra correr e quebrado umas garrafas na bodega de Seu Banca, que ficava bem no “quadro” da rua.
Foram chegando e jogando logo um “teje preso” na caixa dos peitos do desordeiro.
Quem disse que ele se entregou? Partiu foi pra cima de um dos soldados, riscou a farda com a faquinha, ainda arrancando dois botões da túnica da autoridade.
Aí, não prestou mais não, foi soco, chute, cassetete e pau, muito no do que, caído barro quente, despertou a compaixão de Dona Geó, evangélica juramentada, recém-saída da igreja evangélica Deus é Amor, que ficava diante da delegacia.
Dona Geó, vendo a cena, reagiu bradando pelos “direitosumanos” dos bebinhos:
- Não façam isso com esse coitado, não, matem logo, é melhor matar do que judiar desse jeito!
E o bebinho:
- Dona Geó, fique na sua, a senhora não entende disso, não, deixe como tá que tá bom assim, não vamo piorar as coisas, não…
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Do livro “No sertão onde eu vivia”
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