Recebi esta história via e-mail como sendo a história do gaúcho fundador da empresa Tramontina, Valentim Tramontina. Dei uma pesquisada para saber se era verídica, e, aparentemente não é (durante a leitura dá para desconfiar mesmo…). Mas, independentemente da veracidade ou não, a história é bem interessante e a lição de moral um tanto quanto pertinente. Vale para aqueles que tem medo de mudança, para aqueles que não tem medo de mudar e para o pessoal que está começando uma carreira. Deem uma lida, é de se pensar:
O Porteiro do Puteiro
Não havia no povoado pior ofício do que ‘porteiro do prostíbulo’.
Mas que outra coisa poderia fazer aquele homem?
O fato é que nunca tinha aprendido a ler nem escrever, não tinha nenhuma outra atividade ou ofício.
Um dia, entrou como gerente do puteiro um jovem cheio de ideias, criativo e empreendedor, que decidiu modernizar o estabelecimento.
Fez mudanças e chamou os funcionários para as novas instruções.
Ao porteiro disse:
– A partir de hoje, o senhor, além de ficar na portaria, vai preparar um relatório semanal onde registrará a quantidade de pessoas que entram e seus comentários e reclamações sobre os serviços.
– Eu adoraria fazer isso, senhor. – Balbuciou – Mas eu não sei ler nem escrever!
– Ah! Quanto eu sinto! Mas se é assim, já não poderá seguir trabalhando aqui.
– Mas senhor, não pode me despedir, eu trabalhei nisto a minha vida inteira, não sei fazer outra coisa. – Olhe, eu compreendo, mas não posso fazer nada pelo senhor. Vamos dar-lhe uma boa indenização e espero que encontre algo que fazer. Eu sinto muito e que tenha sorte.
Sem mais nem menos, deu meia volta e foi embora. O porteiro sentiu como se o mundo desmoronasse. Que fazer?
Lembrou que no prostíbulo, quando quebrava alguma cadeira ou mesa, ele a arrumava, com cuidado e carinho.
Pensou que esta poderia ser uma boa ocupação até conseguir um emprego.
Mas só contava com alguns pregos enferrujados e um alicate mal conservado.
Usaria o dinheiro da indenização para comprar uma caixa de ferramentas completa.
Como o povoado não tinha casa de ferragens, deveria viajar dois dias em uma mula para ir ao povoado mais próximo para realizar a compra.
E assim o fez.
No seu regresso, um vizinho bateu à sua porta:
– Venho perguntar se você tem um martelo para me emprestar.
– Sim, acabo de comprá-lo, mas eu preciso dele para trabalhar … já que..
– Bom, mas eu o devolverei amanhã bem cedo.
– Se é assim, está bom.
Na manhã seguinte, como havia prometido, o vizinho bateu à porta e disse:
– Olha, eu ainda preciso do martelo. Porque você não o vende para mim?
– Não, eu preciso dele para trabalhar e além do mais, a casa de ferragens mais próxima está a dois dias de viagem sobre a mula.
– Façamos um trato – disse o vizinho.
Eu pagarei os dias de ida e volta mais o preço do martelo, já que você está sem trabalho no momento. Que lhe parece?
Realmente, isto lhe daria trabalho por mais dois dias…. aceitou.
Voltou a montar na sua mula e viajou.
No seu regresso, outro vizinho o esperava na porta de sua casa.
– Olá, vizinho. Você vendeu um martelo a nosso amigo.
Eu necessito de algumas ferramentas, estou disposto a pagar-lhe seus dias de viagem, mais um pequeno lucro para que você as compre para mim, pois não disponho de tempo para viajar para fazer compras.
Que lhe parece?
O ex-porteiro abriu sua caixa de ferramentas e seu vizinho escolheu um alicate, uma chave de fenda, um martelo e uma talhadeira. Pagou e foi embora. E nosso amigo guardou as palavras que escutara: ‘não disponho de tempo para viajar para fazer compras’.
Se isto fosse certo, muita gente poderia necessitar que ele viajasse para trazer as ferramentas.
Na viagem seguinte, arriscou um pouco mais de dinheiro trazendo mais ferramentas do que as que havia vendido.
De fato, poderia economizar algum tempo em viagens.
A notícia começou a se espalhar pelo povoado e muitos, querendo economizar a viagem, faziam encomendas.
Agora, como vendedor de ferramentas, uma vez por semana viajava e trazia o que precisavam seus clientes.
Com o tempo, alugou um galpão para estocar as ferramentas e alguns meses depois, comprou uma vitrine e um balcão e transformou o galpão na primeira loja de ferragens do povoado.
Todos estavam contentes e compravam dele.
Já não viajava, os fabricantes lhe enviavam seus pedidos.
Ele era um bom cliente.
Com o tempo, as pessoas dos povoados vizinhos preferiam comprar na sua loja de ferragens, a ter de gastar dias em viagens.
Um dia ele lembrou de um amigo seu que era torneiro e ferreiro e pensou que este poderia fabricar as cabeças dos martelos.
E logo, por que não, as chaves de fendas, os alicates, as talhadeiras, etc …
E após foram os pregos e os parafusos…
Em poucos anos, nosso amigo se transformou, com seu trabalho, em um rico e próspero fabricante de ferramentas.
Um dia decidiu doar uma escola ao povoado.
Nela, além de ler e escrever, as crianças aprenderiam algum ofício.
No dia da inauguração da escola, o prefeito lhe entregou as chaves da cidade, o abraçou e lhe disse: – É com grande orgulho e gratidão que lhe pedimos que nos conceda a honra de colocar a sua assinatura na primeira página do livro de atas desta nova escola.
– A honra seria minha – disse o homem. Seria a coisa que mais me daria prazer, assinar o livro, mas eu não sei ler nem escrever, sou analfabeto.
– O Senhor?!?! – Disse o prefeito sem acreditar.
O senhor construiu um império industrial sem saber ler nem escrever? Estou abismado. Eu pergunto:
– O que teria sido do senhor se soubesse ler e escrever?
– Isso eu posso responder. – Disse o homem com calma.
Se eu soubesse ler e escrever… ainda seria o PORTEIRO DO PUTEIRO!!!
Geralmente as mudanças são vistas como adversidades.
As adversidades podem ser bênçãos.
As crises estão cheias de oportunidades.
Se alguém lhe fechar as portas, não gaste energia com o confronto, procure as janelas.
Lembre-se da sabedoria da água:
‘A água nunca discute com seus obstáculos, mas os contorna’.
Isso realmente é verídico, contado por um grande industrial chamado…
Sr. Tramontina …
Pode não ser a história dele, mas que é de se pensar, isso é!
Em nenhum momento o texto fala que o porteiro é Tramontina.
Observe as palavras: “…contado por um grande industrial…” na frase abaixo retirada do texto acima.
“Isso realmente é verídico, contado por um grande industrial chamado…Sr. Tramontina …”
Eu também me enganei ao ler o texto pela primeira vez e faço como você: pesquiso para ter certeza dos fatos.
A história da Tramontina começa em 1911, quando Valentin Tramontina chega à cidade de Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul, para montar o seu próprio negócio.
Das mãos deste filho de italianos, natural de Santa Bárbara (RS), nasce a ferraria Tramontina: uma pequena oficina estabelecida em um terreno alugado.
Após cumprir o serviço militar obrigatório, Valentin retoma suas atividades e investe no futuro, transferindo a empresa para um galpão maior.
Um homem, de mãos vazias, diante de uma gleba de terra coberta de matas, tendo como únicas armas e instrumentos seus sonhos e utopias de moradia e mesa farta rodeado de filhos. É o retrato do imigrante italiano que iniciava sua caminhada no Rio Grande do Sul, a partir de 20 de maio de 1875.
Terra e mata, algum instrumento de trabalho, foi o início do barraco provisório, do esquartejo do pinheiro, da derrubada da mata, da construção da casa definitiva, dos cercados, galpões e as plantações.
Para o imigrante que deixou a Itália no final do século 19, o principal anseio era a propriedade da terra. O contato com a Revolução Industrial ocorrido na Europa foi de grande valia para o colono italiano. O trabalho na fábrica, ainda que temporário, o familiarizou com o novo modo de produzir. Algumas máquinas, fruto da revolução industrial, foram trazidas pelos imigrantes.
Saber como as máquinas eram produzidas era um atalho para a produção de novas ferramentas e artefatos. Tudo o que escrevemos até agora é para dizer que a família Tramontina tinha em seu sangue o destemor da maioria dos imigrantes que aportaram nessa região inóspita e ingrime do estado mais meridional do Brasil.
Ao chegar na região colonial do Rio Grande do Sul, o imigrante trazia o conhecimento de algumas atividades e as pré-condições para a produção de outras. Eram extremamente engenhosas.
Um córrego, a ser canalizado, em todo ou em parte, foi a grande engenhosidade dos imigrantes. A roda d’água foi o embrião da metalurgia da região.
Valentin Tramontina, em 1911, montou sua ferraria na então vila de Carlos Barbosa. A família de Valentin morava em Santa Bárbara, localidade pertencente ao município de Bento Gonçalves, atualmente fazendo parte do município de Monte Belo do Sul, e lá fabricava ferramentas agrícolas.
Valentin era um colono artesão, filho de imigrantes italianos, e veio a Carlos Barbosa porque a chegada da ferrovia significava perspectiva de expansão. Até 1930, a produção da ferraria era modesta.
Valentin prestava serviços a empresas, entre elas Arthur Renner, proprietário de uma refinaria de banha, onde eram abatidos mais de 150 suínos por dia. Fazia consertos nas empresas e fabricava facas e canivetes. Podia ser considerado um ferreiro urbano.
Em 1924, a empresa de Arthur Renner se transfere para Montenegro.
A partir de então, ocorrem algumas mudanças na linha de produção. O tradicional cabo de madeira das facas e canivetes é substituído pelo cabo de chifre, e vários modelos são lançados, entre eles um denominado "Santa Bárbara".
Em 1932, Valentin agrega os primeiros colaboradores. São pessoas que residem na vila, trabalham na agricultura em tempo parcial e começam a fazer facas e canivetes nos porões de suas casas.
Valentin Tramontina, nascido em 1893, falece com 46 anos de idade, no ano de 1939. A partir daí, assume a ferraria, dona Elisa Tramontina, esposa de Valentin, que desponta como uma empreendedora nata e arrojada. Ela é quem embarca no trem da estação da vila de Carlos Barbosa e vai vender a produção nos mercados regionais e na capital do Estado.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), caso não existisse a determinação e a coragem de Elisa, a ferraria teria sucumbido.
O ano de 1949 pode ser considerado um marco na história do Grupo. Trata-se da data em que Ruy José Scomazzon, barbosense de 20 anos, amigo de Ivo Tramontina, cursando a Faculdade de Ciências Econômicas da PUC – Porto Alegre, começa a prestar assessoria à Tramontina. Ruy, com espírito de liderança, implanta planos ambiciosos, enfatizando a organização em todos os setores. Inaugura-se uma nova etapa. O caráter artesanal dá lugar a uma produção manufatureira.
Na década de 50, a empresa contava com 30 empregados e alguns representantes comissionados espalhados pelo Estado.
Os canivetes representavam 90 por cento do faturamento. Vem da Itália a tradição de ter no bolso um canivete, cuja denominação é "brítola". Trata-se de um canivete com formato de pequena foice utilizado principalmente na poda da parreira, para cortar vime. A Tramontina sempre se destacou na fabricação deste canivete. A empresa se capitaliza rapidamente, com inovações tecnológicas: laminadores, marteletes, máquinas de esmerilhar e forjar, que dinamizam a produção em série.
Com a presença do governador Ildo Meneghetti, em dezembro de 1956, foi inaugurada a ampliação das instalações da empresa e o novo escritório. Intensifica-se a produção de facas e ferramentas agrícolas.
O ano de 1958 marca a fundação da Metalúrgica Forjasul, em Porto Alegre, e posteriormente transferida para Canoas.
Em 1961 falece a grande baluarte Elisa Tramontina.
As décadas de 60 e 70 são marcadas pela instalação de empresas do Grupo em Garibaldi, Farroupilha e na Bahia, e também pela admissão de novos empregados.
Houve um salto gigantesco. Dos 30 empregados existentes em 1950, a empresa passou a ter em seu quadro 557 funcionários no final dos anos 60. Hoje o Grupo emprega quase 6.000 pessoas, exporta para mais de 100 países e é uma marca conhecida no mundo inteiro. Nas suas diversas unidades produz mais de 17 mil itens.
O Grupo Tramontina mantém vínculos de forte enraizamento nas comunidades onde atua. Nas cidades onde a empresa tem unidades instaladas, é notória sua participação em projetos culturais, esportivos, sociais e ambientais.
Precisamos olhar com orgulho a vida e a história de nossos antepassados. Os bisnonos e nonos quase nunca falavam da vida miserável que levavam na Itália. Entende-se essa atitude como uma autodefesa, diante de um mundo de frustração econômica e social que deixaram. As coisas negativas geralmente não se comunica.
Em 130 anos, esses nossos antepassados, com lágrimas de sangue, muita fé e solidariedade, criaram uma civilização. Eram camponeses sem esperança que cruzaram o oceano e com o lema de não gastar, "sparanhar" (poupar), edificaram várias Tramontinas por este país.
Nessa trajetória, o grande mérito foi a convivência fraterna e harmoniosa entre Ivo Tramontina e Ruy José Scomazzon. Esse é o maior exemplo para a continuidade dessa empresa que é o orgulho de Carlos Barbosa, do Estado do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Valentin Tramontina e Elisa De Cecco se casam e somam forças para, juntos, trilharem prósperos caminhos.
Linha do Tempo
1930 - É lançado o canivete “Santa Bárbara” ref. nº 1, o produto fabricado em maior quantidade na época.
1939 -Falece Valentin Tramontina. Elisa De Cecco Tramontina assume a empresa, com a razão social Vva. Valentin Tramontina.
1949 - A administração da empresa passa para Ivo Tramontina e Ruy J. Scomazzon.
1950 - É feito o primeiro anúncio em jornais locais, o que marca o início das ações de comunicação da Tramontina.
1958 - Com o objetivo de divulgar a marca e apresentar seus produtos, a Tramontina participa das primeiras exposições.
1959 - A unidade Forjasul, para produção de peças forjadas, é inaugurada em Porto Alegre (RS), sendo posteriormente transferida para Canoas (RS).
1961 - Falece Elisa De Cecco Tramontina. Neste mesmo ano, através do empenho da administração e dos funcionários, a empresa torna-se uma S.A.
1963 - Inaugurada uma unidade em Garibaldi (RS), responsável pela produção de ferramentas.
1964 - A marca é alterada. Institui-se uma política de marca única para todos os produtos Tramontina. Até esta data, a marca possuía uma grafia tipo manuscrito, difícil de uniformizar e reproduzir. A partir de então, adotou-se um T estilizado, combinado com letras maiúsculas, agora de fácil e simples leitura.
1971 - A Tramontina realiza sua primeira exportação. Trata-se de uma venda para o Chile.
1976 - Inaugurada uma unidade em Carlos Barbosa (RS) para a produção de materiais elétricos. Ainda no decorrer deste ano, a Tramontina inicia as atividades do primeiro Escritório Regional de Vendas (ERV), em São Paulo (SP).
1982 - Inaugurada mais uma unidade da empresa em Carlos Barbosa (RS), atuando no segmento de ferramentas agrícolas.
1984 - Com a implantação da nova estrutura logística, iniciam-se as atividades do primeiro Centro de Distribuição, em Salvador (BA). Paralelamente, o Escritório Central de Administração, responsável por todas as unidades Tramontina, é inaugurado em Carlos Barbosa (RS).
1986 - Uma unidade da empresa é inaugurada em Belém (PA), sendo responsável pela produção de tacos em madeira para cabos de facas e ferramentas. No mesmo ano, surge o primeiro Centro de Distribuição (CD) no exterior, em Houston (EUA).
1988 - A Tramontina adquire o primeiro robô. O chamado Robô NOKIA foi instalado na fábrica de panelas, em Farroupilha (RS), para polir cabos de frigideiras.
1990 - Inaugurada uma unidade em Encruzilhada do Sul (RS) para a produção de painéis em Pinus.
1996 - Nova unidade inaugurada em Carlos Barbosa (RS). É através dela que a Tramontina entra no mercado de pias e cubas em aço inox.
1997 - Inaugurado o primeiro Escritório de Vendas no exterior, em Huixquilucan, estado de México (México). Ainda no ano de 1997, a marca Tramontina conquistou a condição de marca notória. E, mais do que isto, comprovou, através de pesquisas, a preferência de 94% dos consumidores brasileiros por seus produtos.
1998 - Inaugurada uma unidade em Recife (PE), onde são fabricadas cadeiras e mesas plásticas.
2010 - A Tramontina ultrapassa os 16 mil itens produzidos. A variedade e a diversidade de produtos permitem que a marca esteja presente em diversos segmentos e exporte para mais de 120 países. Números como estes são possíveis graças ao empenho de mais de 6 mil funcionários.
2011 - Centenário Tramontina - Com Trabalho, Transparência, Liderança, Devoção, Valorização das Pessoas e Satisfação dos Clientes, a Tramontina chegou aos cem anos. Nesta data, fazemos questão de agradecer a todos àqueles que confiam e se dedicam para construir essa empresa: seus funcionários, parceiros, comunidades e clientes.
Fontes:
http://www.tramontina.com.br/institucional/historia
http://www.jornalcontexto.com.br/Cronicas/tramontina_95_anos.htm
Diogo Guerra