Gilson Percinotto
A impressão geral é a de que somos plateia de uma grande encenação de péssimos atores da política nacional. Sem alternância no poder e com uma interpretação forçada e pouco convincente da oposição incipiente não enxergamos nada além do desapreço e da arte de subestimar a inteligência pública e a autêntica mobilização coletiva. Eis a condenação de democracias pouco maduras, ou farsantes, como a russa, a venezuelana e a brasileira.
A lista de Janot, do Jornal Nacional, da novela sem final e do vale à pena ver de novo, tão esperada como a antítese simbólica da classificação vestibular, revela as dimensões da crise encenada depois de doze temporadas de mensalão e desvios de lava-jatos de carretas gigantescas e de retroescavadeiras que cavam o poço sem fundo em que o Brasil se vê mais uma vez atirado sob as risadas dos mesmos atores beneficiados.
A VAGA NO STF
O desfalque da aposentadoria precoce e bem aproveitada de Joaquim Barbosa aguarda os lances certos para ser coberto. Há variáveis de representação regional no “Supremo Tribunal Fluminense”, mas há uma oportunidade étnica, ou da cor da pele, quando a maioria dos magistrados se identificam não negros (ainda raros nas posições de poder, na continuidade das relações hereditárias, sobretudo educacionais, econômicas e históricas, inclusive nos tribunais superiores e até mesmo na primeira instância).
Entre os suspeitíssimos chefe da AGU e ministro da Justiça, os regionais: presidente da OAB e ministro Campbell, este último predileto pela necessidade de maior equilíbrio regional, para ser encaixado na estratégia aparentemente técnica “do pretório ao excelso”, além do ávido ministro Salomão e do negro, velho amigo petista, ex-delegado e juiz federal, parceiro (em todos os hábitos) de Lula e predileto de Dilma (perfeito) ministro Benedito, há os desafios aparentes do vaidoso presidente do senado e do caráter de bala de prata do PT para essa indicação, diante da iminente “PEC da Bengala”.
TREZE DE MARÇO
Sexta-feira treze chegando, com promessas simbólicas de outro treze de março, de 1964, na Central do Brasil, com a novidade pitoresca na história recente, em que até a PEC do trabalho escravo, mesmo aprovada, foi emendada no Senado para dificultar sua regulamentação e barrar sua efetividade (haja hipocrisia!!!), e a presença do “exército vermelho do MST”.
Sinto-me no labirinto da Argentina e no sofrimento da Venezuela nestes momentos de irresponsabilidade e de mau gosto interpretativo dos nossos “líderes” em momentos de extrema escassez: de água, de homens, de honestidade, de coragem moral e de ideias lúcidas e coletivas para o Brasil.
Quinze de Março para a desorientada e desesperada manifestação de insatisfação. Primeiro de Abril, 52 anos depois, ainda vivemos de mentiras, de proveito pessoal e de claras ameaças de lideranças arrogantes à nossa frágil, deformada, incompleta e incipiente democracia.
Tribuna da Internet