05/09/2014 - Porto Velho
MADEIRA JÁ ESTÁ COM DOIS METROS ACIMA DO NORMAL E PREFEITURA DIZ QUE RISCO DE NOVA CHEIA É REAL
A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) encontra-se preparada para deflagrar ações de socorro e assistência a vítimas perante uma possível recorrência da cheia do rio Madeira no próximo ano, mas quanto às atividades relativas à reconstrução de tudo que foi danificado, porém, ficariam prejudicadas com a repetição do acontecimento. De acordo com o coordenador da Comdec, Coronel José Pimentel, os órgãos que realizam observações climáticas, tais como o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e o Serviço de Proteção da Amazônia (Sipam), este também responsável por monitorar a Bacia Hidrográfica do Madeira, apontam em seus relatórios um acúmulo de massas oceânicas na Amazônia Ocidental. Esse fenômeno foi responsável pelas precipitações pluviométricas exageradas deste ano e pode continuar afetando a região nos próximos anos. Assim, apesar dos relatórios não apontarem afirmativamente para uma recorrência da enchente no próximo inverno, eles indicam que a situação merece grande atenção por parte do poder público e de toda a sociedade.
Tendo em vista o possível assoreamento dos rios da região de Porto Velho, tendo como base dessa observação a elevada cota do rio neste período em relação às mesmas datas de anos anteriores, é previdente trabalhar com a possibilidade de uma nova enchente. “Estamos com dois metros acima do que é considerado normal para esta época. Não se registrava nos dados históricos, pelo menos nos últimos trinta anos, situação semelhante a esta. Isto é um fator que pode dificultar as ações de reconstrução que o município precisa implementar ainda antes do próximo inverno”, informou o coordenador.
É preciso que o rio esteja com cotas mínimas para que os serviços de contenção da margem direita do Madeira, que é uma das prioridades da Prefeitura, seja efetivado. O prefeito tem divulgado que quer realizar essas obras, como também os serviços de macrodrenagem dos canais que deságuam no rio. Os grandes canais e igarapés que cortam as diversas regiões da cidade têm recebido constantes serviços de limpeza para desobstrução do fluxo, mas isso ainda não atende aos planos do município, que é o de também realizar obras de proteção em suas margens, contudo, a realização desses serviços dependem do comportamento das chuvas e das cotas do nível do rio.
Sobre alguns dos bairros que foram mais fortemente atingidos pela enchente, a Comdec vem realizando vistorias que estão pontuando os problemas. “Já fizemos alguns bairros e vamos nos dirigir agora à área do Belmont. No Triângulo, observamos que a parte baixa não comporta mais moradores e não há como realizar qualquer operação de recuperação, porque ali os sedimentos elevaram os barrancos em um metro e meio a dois metros de altura. Está muito alta a parte em que os sedimentos foram carreados em função da inundação”, observou Pimentel.
Sobre a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), o coordenador disse que uma vez se tratando de um patrimônio nacional, atualmente em processo de reconhecimento pela Unesco, espera-se haver maior empenho por parte do Governo Federal em promover a sua conservação. “No ano passado fizemos muitas reuniões com a tentativa de construir um enrocamento pelo menos para a área da Estrada. Contudo, os parceiros entendiam que a inundação não devesse chegar ao ponto em que chegou. Nós temos documentos que provam que nós quisemos proteger o local, fazendo o enrocamento, pelo menos até a altura do Cai n’Água”, frisou o coronel.
Para o mês de setembro é sempre prevista a cota mínima do rio, caso ela baixe aos níveis de 04 metros será possível construir um enrocamento na margem, pelo menos nas regiões mais necessárias. “Nós já solicitamos o recurso, mas ele ainda não chegou. O nosso Plano de Reconstrução contempla todas as obras de grande envergadura do município com cifras elevadas. Se os recursos chegarem depois do mês de outubro, teremos muitas dificuldades para realizar ainda alguma coisa. Mas o que a defesa civil está apostando mesmo é numa iniciativa da própria Prefeitura. O prefeito informou que pretende conclamar parceiros, como os empresários, os consórcios das usinas e outros que se disponham a colaborar na construção de obras para a contenção da força do rio em frente à cidade. Ele entende que existe uma corresponsabilidade, trata-se de proteger o mais importante patrimônio que temos e também outras partes que estão correndo riscos. A usina de Santo Antônio está praticamente dentro da cidade, os empresários dependem da orla para saída e vinda de mercadorias, enfim, creio que os parceiros não se negarão a cooperar”, finalizou José Pimentel.
Fonte/ Autor : Decom/ Prefeitura
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