09/05/14 -
JULIANA BAETA
Três agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram presos sob a acusação de corrupção em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Segundo denúncia do Ministério Público Federal, eles cobravam propina para liberar caminhões sem fiscalização. A Justiça acatou a denúncia do MPF, e os suspeitos podem ser condenados a até 12 anos de prisão.
De acordo com a denúncia, os policiais estavam em serviço no dia 26 de março deste ano, no trevo da BR-262, perto de Sacramento, também no Triângulo. Eles abordaram o veículo de uma empresa de transporte de cargas e disseram ao motorista que os documentos teriam que ficar retidos até que o responsável pela empresa os procurasse.
O encarregado operacional da empresa, ainda segundo a denúncia, foi até o local e perguntou aos policiais o que seria necessário para a liberação dos documentos. A resposta foi a indireta para uma propina. Eles disseram que “o pessoal costumava pagar, no ano passado, R$ 200 por caminhão”.
O representante da empresa disse que precisaria consultar seus superiores e marcou uma nova reunião para o dia seguinte, quando os policiais abriram o jogo. Eles disseram que não poderiam tratar apenas do “acerto” relativo à abordagem, mas também das futuras abordagens. E não apenas dos caminhões próprios da empresa, mas de todos os veículos de outras transportadoras que prestam serviços a uma usina de cana de açúcar da região.
Um dos policiais rodoviários ainda lembrou que os veículos da empresa necessariamente teriam que passar por uma ponte na BR-262 em seu trajeto, que possui restrição de peso imposta pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Como outra reunião foi agendada para o “acerto”, os policiais liberaram a documentação do veículo sem lavrar o auto de infração.
Negociação gravada
A reunião de negociação, que aconteceu no dia 27 de março, foi toda gravada sem que os suspeitos soubessem. Apenas dois dos policiais envolvidos estavam presentes no posto da PRF em Delta, no Triângulo Mineiro. Eles pediram aos representantes das empresas transportadoras a quantia de R$ 6.000 por mês para deixarem de fiscalizar os caminhões.
Um dos policiais explicou que o acerto incluía os dois policiais presentes na reunião, além do terceiro policial acusado, e que as autuações feitas por outros policiais rodoviários federais teriam que ser “resolvidas” depois, à medida em que os autos de infração fossem lavrados.
Toda a negociação proposta pelos acusados foi gravada pelos representantes das empresas sob orientação de um inspetor da PRF, que já havia sido avisado sobre a ação ilícita dos agentes. O material com a gravação está com a delegada responsável pela Delegacia da Polícia Federal em Uberaba. Um inquérito policial foi instaurado para apurar o caso.
Situação dos acusados
Os policiais foram presos no dia 11 do mês passado após o cumprimento de mandados de prisão temporária e de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal.
Já no dia 18 de abril, o Ministério Público Federal ofereceu a denúncia contra os policiais, acompanhada de pedido de conversão das prisões temporárias em preventivas, o que foi acatado pela Justiça logo no dia seguinte.
No despacho de recebimento da denúncia, no dia 25 do mês passado, o juíz federal manteve a prisão preventiva dos acusados ao fundamento de garantia da instrução criminal. Segundo o magistrado, as informações são recorrentes, “inclusive em depoimentos prestados por colegas de farda dos acusados, acerca da postura intimidatória por eles assumida”.
A pena para este tipo de crime pode chegar a 12 anos de reclusão em regime fechado.
Com informações do Ministério Público Federal.
http://www.otempo.com.br