28 março 2014
O CONCEITO DE FAMÍLIA
De tanto se falar no programa do “bolsa-família”, surge a curiosidade em saber qual, afinal, é o “conceito família” em que se baseia o Governo.
Há alguns anos passou pelo câmpus da UFPE um rapaz vendendo “mel”. Conversa vem, conversa vai, perguntamos se esta sua atividade lhe permitia a sobrevivência. O rapaz, sem demonstrar grande angústia, confessou que as coisas melhoraram, pois tem 7 (sete) filhos com quatro mulheres diferentes, mas todas elas recebem bolsa-família. Assim, ele se sentia mais tranquilo, pois as suas mulheres, que todas gostavam dele, não lhe exigiam pensão alimentícia. Claro, não foi possível verificar, na hora, a veracidade desta história!
Não fiquei triste por estas mulheres receberem o auxílio da sociedade e, em seus barracos, ao menos, poderem servir um cuscuz aos seus filhos. No entanto, me perguntei: que tipo de família formam estas quatro mulheres, com seus sete filhos do mesmo homem, sendo “alimentadas” por um programa assistencial do Governo? Na consciência destas mulheres e de suas crianças, quem seria o pai protetor, afetuoso, responsável pela saúde, pelo bem estar, educação e alimentação delas? O homem do “mel”, ou, na época, o Presidente Lula?
Como denominar a situação social desta família com quatro mulheres, sete filhos e um pai para o Governo lhes destinar “bolsas-família”? Examinei os mais diversos conceitos de família, desde sua origem, e não encontrei resposta. Talvez, nas novas edições de dicionários e enciclopédias de sociologia e de antropologia se encontre, no futuro, o novo conceito de família do atual Governo brasileiro. Seria mais uma contribuição original nossa para as ciências sociais.
A que pode levar esta constatação?
Considero fundamental que se apoie a família, que se tenha uma política de estímulo à estabilidade, à responsabilidade e ao bem estar familiar. É verdade, o conceito de família é bastante aberto e, de certa forma, varia em épocas históricas e culturas diversas. Temos a grande família, o clã, a família poligâmica, monogâmica, etc…
O Brasil nasceu e perdura na cultura e na ética ocidental, predominantemente cristã e humanística, na qual, normalmente, se entende por família um grupo de pessoas, unido por laços afetivos, geralmente de parentesco, oriundo através do casamento monogâmico estável entre um homem e uma mulher, que mutuamente se apoiam e cuidam do amadurecimento e socialização de suas proles. Para que este grupo familiar possa cumprir sua missão, e conservar a característica da instituição de sua família, necessitam do apoio de todo o grupo familiar, da sociedade maior e do Governo.
Esta proposta ocidental civilizatória de família nem sempre é fácil preservar nas circunstâncias concretas do mundo da vida. No entanto, a experiência histórica já demonstrou que este é um ideal humano a ser incentivado, e o mais eficiente na condução das novas gerações, com o objetivo de chegar a uma vida adulta e humana com dignidade, harmonia e paz.
Penso que o modelo de família que deveria servir de horizonte para uma política familiar de qualquer governante, que quisesse o bem estar de seus cidadãos, ainda seria o modelo tradicional de família, de nossa cultura. Mas, será que as nossas leis, as novelas televisivas, etc. induzem os cidadãos a formarem uniões maduras, estáveis e responsáveis entre homens e mulheres, com o propósito de darem o melhor a seus filhos? Será que o Governo se preocupa em proporcionar aos novos casais condições de moradia, trabalho, saúde, etc…. que garantam uma vida digna aos novos cidadãos que vão nascendo e se formando?
Se assim estivesse na consciência de nossos políticos, não estaríamos diante desta vergonha nacional de tantas crianças, adolescentes e jovens desprotegidos, sem educação e sem trabalho, perambulando pelas ruas, na marginalidade.
Assumamos um conceito saudável de família, e que o Governo dê todos os apoios para que tais famílias possam cuidar digna e responsavelmente de seus membros.
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