08/02/2014 - Belo Horizonte
Paradas. Na sede do 5° Batalhão da Polícia Militar, viaturas estão paradas e não há ainda previsão para que possam começar a circular
ALINE LOURENÇO / JOANA SUAREZ
Há um mês, a frota de viaturas da Polícia Militar (PM) está sem cobertura para reparos e manutenção. É que em janeiro passado se encerrou o contrato que o governo de Minas mantinha, desde 2005, com a empresa Júlio Simões, responsável pela manutenção dos veículos.
Uma fonte da PM ouvida pela reportagem relata que, com isso, em alguns casos, o patrulhamento é feito a pé. Moradores também reclamam da falta de veículos ou do sucateamento dos que restaram. É o caso dos bairros São Luiz e Bandeirantes, na Pampulha. Segundo a Associação Pro-Civitas, que representa os dois bairros, apenas duas viaturas têm feito o patrulhamento.
Antes do encerramento do último contrato, assinado em 2011, o Estado pagava, em média, R$ 3,5 mil por mês por veículo que passava pela manutenção, segundo a Associação dos Praças Policiais e Bombeiros de Minas Gerais (Aspra). O acordo ainda previa o fornecimento de mil veículos a um custo total de R$ 35,4 milhões.
Apesar de a empresa afirmar que os veículos fornecidos não pararam de circular com o vencimento do contrato, pois foram incorporados à frota de 9.000 viaturas de Minas, muitos estão parados nas oficinas da empresa, já que, até o último dia 22, o grupo ainda recebeu carros que estavam nas ruas e sofreram danos. No entanto, antes que a Júlio Simões pudesse concluir a manutenção, o governo mineiro decidiu não renovar o contrato. A assessoria do grupo não soube informar o número de carros que até agora não foram liberados.
A reportagem procurou a 17º Companhia da PM, responsável pela região, mas o comandante não foi encontrado. Para o sociólogo Robson Sávio, especialista em segurança pública, só a presença ostensiva da polícia desestimula a prática de crimes. “Estudos mostram que a baixa vigilância é o principal fato para os roubos. Não adianta anunciar que está comprando viaturas novas se elas não estão nas ruas”, destacou o especialista.
Saiba mais
Flagrantes. Reportagem publicada por O TEMPO em janeiro mostrou que viaturas deixam de fazer o policiamento para ficar paradas nas delegacias por cerca de sete horas para registrar um flagrante. Isso acontece também na delegacia do Detran.
Demora. A espera ocorre porque a Central de Flagrantes concentra todos os flagrantes de seis regionais da capital.
Resposta. Na época, o chefe da Polícia Civil, Cylton Brandão, afirmou que está sendo feito um estudo para minimizar o tempo de espera. O levantamento deve ser concluído neste mês.
Abordagem
Ameaça. A equipe de O TEMPO foi abordada por militares do 5º Batalhão, enquanto fazia a foto de viaturas no pátio. O fotógrafo e o motorista da equipe ficaram retidos no batalhão por 20 minutos.
Sem combustível para rodar, carros ficam parados em pátio
A falta de combustível para as viaturas fazerem o policiamento na capital foi outra denúncia recebida por O TEMPO. Haveria uma espécie de racionamento para as viaturas que seriam recolhidas quando ultrapassam a cota mensal disponível por batalhão.
Fontes ouvidas pela reportagem informaram que as cotas não seriam suficientes. Em Santa Luiza, na região metropolitana, por exemplo, as viaturas só podem rodar 30 km por turno de oito horas.
Ontem, após denúncias, a reportagem esteve no 5° Batalhão de Polícia Militar, na Gameleira, região Oeste, e constatou a presença de 300 viaturas paradas, muitas sem placas.
A assessoria da PM afirma que são carros que foram comprados e estão sendo transformados em viaturas. De acordo com o major Gilmar Luciano, a presença dos carros no local é normal. Porém, segundo ele, a informação sobre a quantidade exata de carros, quando eles chegaram e como serão utilizados, só será repassada na próxima segunda-feira.
http://www.otempo.com.br/cidades/viaturas-ficam-sem-manuten%C3%A7%C3%A3o