12/11/13
CAROLINA CAETANO
O prefeito de Patrocínio do Muriaé, na Zona da Mata mineira, foi afastado do cargo por suspeita de improbidade administrativa. A decisão foi tomada pelo Ministério Público Federal (MPF) e cumprida na última sexta-feira (8). Pablo Emílio Campos Correa (PPS) teria usado recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para alimentos como contrafilé, chã de dentro, alcatra, biscoitos e achocolatados que nunca foram entregues às escolas do local. No lugar, a merenda dos estudantes tinha músculo, coxa de frango, moela e acém.
“O caso foi descoberto após a denúncia da ex-secretária de Educação da cidade. Quando ela foi prestar contas percebeu que a quantidade de produtos discriminados nas notas eram bem maiores e que alguns alimentos nunca haviam sido entregues”, explicou o procurador da República, Lucas de Morais Gualtieri.
Com os documentos entregues pela mulher, referentes ao meses de março e abril, o MPF descobriu que vários pagamentos foram feitos à empresa Oldacir Luiz Valdier, mas os produtos entregues eram inferiores ao números que constavam nas notas.
Nos dois meses citados, a prefeitura do município pagou por 30 kg de cenoura, 120 kg de fubá, 60 kg de sal e 100 kg de batata. No entanto, a empresa entregou 11 kg de cenoura, 1 kg de fubá, 6 kg de sal e 23,5 kg de batata.
Para Gualtieri, “as quantidades de alimentos faturadas e pagas em apenas dois meses seriam suficientes para abastecer as três escolas municipais e servir seus 464 alunos por anos a fio. Imagine-se quantas refeições poderiam ser servidas em um único mês com 32,5 kg de canjica branca, 375 kg de arroz, 100 kg de farinha de mandioca, 100 kg de batata inglesa, 150 kg de feijão, 120 kg de fubá e absurdos 60 kg de sal”.
Diante de todas as denúncias, optou-se pelo afastamento do prefeito. Em seu lugar, o vice-prefeito Neim Franklin (PMDB) assumiu o cargo nesse sábado (9).
“Há suspeita que Correa tenha tentado atrapalhar as investigações. Ele estaria solicitando que alguns servidores não testemunhassem e guardando alguns documentos e adulterando outros que são importantes para o caso”, afirmou o procurador.
O suspeito ainda não prestou depoimento, mas, nesta terça-feira (12), está marcada uma conversa informal com Gualtieri. Enquanto isso, alguns bens do prefeito e do proprietário da empresa contratada, Oldacir Luiz Valdier, até o valor limite de R$ 36.444, foram bloqueados. A quantia é referente ao prejuízo quantificado até o momento, acrescido de multa civil de até três vezes esse valor.
A reportagem de O TEMPO tentou contato com Correa, mas ele não foi localizado. Na prefeitura informaram que Franklin, que assumiu o cargo, não estava e os responsáveis pela assessoria de imprensa da prefeitura estavam em reunião e não poderiam atender o telefone.