16/04/2013
Panfleto do Departamento de Segurança Interna dos EUA de junho de 2010 alerta sobre como panela de pressão pode ser usada para fazer um artefato explosivo (Foto: AP)
Os dois explosivos usados no ataque que matou 3 pessoas e feriu 176 na véspera na chegada da maratona de Boston, no estado americano de Massachusetts, estavam em duas panelas de pressão de seis litros escondidas em bolsas de viagem pretas colocadas no chão, segundo fontes da investigação.
Um panfleto obtido pela agência AP mostra que, em junho de 2010, o Departamento de Segurança Interna dos EUA alertava a polícia e as forças de segurança sobre a possibilidade de fazer um explosivo caseiro improvisado usando panela de pressão.
Dentro das panelas, além dos explosivos, havia pólvora, pregos e pedaços de metal, que teriam o objetivo de aumentar os estragos feitos pelas bombas nas vítimas.
O FBI -que chefia a investigação- e a polícia de Boston se negaram a revelar detalhes da investigação em curso e se as explosões estariam relacionadas a extremistas estrangeiros ou americanos.
Uma equipe de cerca de 30 especialistas em bomba e cães farejadores vasculhou a área - a linha de chegada da famosa maratona -, enquanto as autoridades pediam à população que entrasse em contato, caso tivesse alguma informação importante.
Explosões na Maratona de Boston (Arte G1)
"Vai levar muitos dias para processar este cenário", comentou Gene Marquez, agente especial encarregado do Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos em Boston.
A polícia informou que a área foi varrida duas vezes antes da maratona e nenhum explosivo foi encontrado.
As equipes de resgate e os médicos que trataram das vítimas relataram que as bombas parecem ter dispersado fragmentos de pregos e de metal, causando ferimentos, sobretudo, na parte inferior do corpo, o que incluiu pelo menos 10 vários casos de amputação.
"Há uma variedade de objetos pontiagudos que nós encontramos nos corpos", disse o chefe do Departamento de Cirurgia do Trauma do Hospital Geral de Massachusetts, George Velmahos.
"Provavelmente, essas bombas tinham múltiplos fragmentos metálicos nelas. Removemos pregos e estilhaços", acrescentou.
Os artefatos foram "colocados provavelmente no chão e, desse modo, ferimentos nas extremidades inferiores são esperados", explicou Velmahos.
O alcance relativamente pequeno das duas explosões e a fumaça branca que subiu depois da deflagração parece eliminar explosivos plásticos do tipo militar, como C-4 ou Semtex.
De acordo com especialistas, esse tipo de artefato tende a produzir detonações mais poderosas com fumaça preta.
A rede CNN divulgou que as duas bombas de Boston podem ter sido feitas com "panelas de pressão" e, provavelmente, "timers" teriam sido empregados para programar o horário das explosões.
Matérias na imprensa americana, que citam investigadores anônimos, têm se concentrado em artefatos improvisados, possivelmente uma bomba-tubo, ou um explosivo de peróxido de acetona - ambos relativamente fáceis de preparar e de esconder.
Um explosivo de acetona, ou TATP (Triperóxido de triacetona), foi usado no atentado em Londres em 2007, em um ataque cometido nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, e na tentativa fracassada do "Shoe Bomber" Richard Reid, em dezembro de 2001, de detonar um artefato em um voo com destino a Miami.
O peróxido orgânico é altamente instável e sensível ao calor e à fricção, com os próprios homens-bomba se ferindo durante a preparação do artefato.
Manuais sobre como fazer bombas, disponíveis em fóruns jihadistas on-line, incluindo um aberto pelo braço da rede terrorista Al-Qaeda no Iêmen, sugerem com frequência o uso de panelas de pressão, de acordo com o SITE Intelligence Group, que monitora mensagens on-line de grupos extremistas.
Em 2010, a primeira edição em inglês de uma revista da Al-Qaeda na Península Arábica (AQAP), braço iemenita da rede, incluía um artigo explicando como fazer um explosivo com uma panela de pressão e estilhaços. O artigo, intitulado "Faça uma bomba na cozinha da sua mãe", era acompanhado da foto de uma mochila escondendo o explosivo.
De acordo com o SITE, grupos de supremacia branca nos Estados Unidos tomaram conhecimento do artigo e, em um dos fóruns on-line, o "Stormfront", o manual é citado como uma "leitura altamente recomendada".
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o caso está sendo tratado como um "ato de terror" e que ainda não se sabe quem fez o ataque, nem com qual intenção.