A Comemoração do Armistício de 11 de novembro de 1919 não foi imediatamente estabelecida como cerimônia oficial logo depois da Grande Guerra. Dava-se mais importância ao tributo aos soldados, vivos ou mortos, que à comemoração da vitória.
O armistício de 11 de novembro de 1918 marca a capitulação da Alemanha e o fim da Grande Guerra. A Primeira Guerra Mundial chegou a uma escala e uma intensidade até então desconhecidas. Ela envolveu mais soldados, provocou mais mortes e causou mais destruições materiais do que todas as guerras precedentes. Durante essa guerra, cerca de 10 milhões de pessoas morreram, principalmente na Europa, e outras 20 milhões ficaram inválidas. Só a França, que tinha na época 39,6 milhões de cidadãos, perdeu 1,4 milhão de soldados e 300 mil civis, além de ter 4.266.000 soldados feridos. Para os veteranos das trincheiras, os famosos lPoilus do lado francês, que sofreram tantos horrores da guerra, aquela seria "a última das últimas" guerras.
Em 11 de novembro de 1919, foi realizada somente uma cerimônia na Capela dos Invalides, na presença do marechal Foch. Ela foi ofuscada por outras duas datas comemorativas que ocorreram no mesmo ano:
• O 14 de julho de 1919 é a celebração da vitória e da paz, mas também a primeira celebração da memória dos mortos e desaparecidos. Os sobreviventes desfilam pelo Champs-Élysées. O desfile de milhares de "gueules cassées”, literalmente “caras quebradas", apelido dado aos mutilados da guerra, liderado pelo novo deputado do Meuse André Maginot, voluntário de 1914, com uma perna amputada, precedeu o das tropas aliadas vitoriosas, que marchavam em ordem alfabética. O exército francês fechou o desfile. Essa homenagem aos combatentes mortos ou vivos, desejada por Clemenceau, passará a ser a celebração regular do 14 de julho. A França resistiu "por ser uma nação", nas palavras do historiador Jean-Jacques Becker. Para a vigília em homenagem aos mortos da pátria, na noite de 13 a 14, o poder faz um mausoléu gigante cercado por canhões capturados do inimigo, sob o Arco do Triunfo.
• Outra cerimônia significativa, o 2 de novembro de 1919, primeiro dia de finados desde o retorno da paz, muitas cerimônias simbólicas foram organizados. O Parlamento quer que os mortos sejam glorificados em todas as comunas da França, no mesmo dia e ao mesmo tempo.
11 de novembro de 1920, a primeira homenagem ao Soldado Desconhecido
Em 11 de novembro de 1920, a República fez pela primeira vez um tributo a um soldado desconhecido morto durante a Grande Guerra, representante anônimo da multidão de heróis dos "Poilus".
Um dia antes, o soldado Auguste Thin designa em Verdun o Soldado Desconhecido. O caixão chegou a Paris e juntou-se para a cerimônia em 11 de novembro o relicário que contém o coração de Gambetta a ser transferido para a cripta do Panteão. Uma multidão acompanhou a procissão para o Panteão e o Arco do Triunfo. Provisoriamente, o caixão é colocado em uma capela no primeiro andar do edifício e acessível a todos. No dia 28 de janeiro de 1921, o Soldado Desconhecido foi enterrado sob o arco do Arco do Triunfo. Na lápide do granito são gravadas as seguintes palavras: "Aqui jaz um soldado francês que morreu pela Pátria (1914-1918)".
Durante todo o ano de 1922, os veteranos insistem para que o Parlamento declare o 11 de novembro um feriado nacional, que é estabelecido pela lei de 24 de outubro de 1922, que estabelece as regras para todas as primeiras celebrações do 11 de novembro: nenhum desfile militar, bandeiras a meio mastro, solidariedade para com os mortos, cujos nomes são lidos diante do memorial, o minuto de silêncio e os sons. Esses elementos tornam-se comuns às celebrações do 11 de novembro.
Verbatim. "Os veteranos e suas associações (...) só queriam contemplação, uma liturgia fúnebre simples, nem demasiado militar (sem revista), nem muito governamental (sem discurso). Em resumo, somente uma cerimônia dedicada aos homens caídos e seu sofrimento indizível, a "esses" cidadãos que morreram pela liberdade" (Antoine Prost)." Celebrar a nação, feriados nacionais na França de 1789 até hoje, Rémi Dalisson
Em 11 de novembro de 1923, com a participação de muitas organizações de veteranos, André Maginot, Ministro da Guerra e das pensões, acendeu pela primeira vez uma chama da lembrança.
Paralelamente, foi construído um memorial de guerra em cada comuna da França, em torno do qual cada município organiza a cerimônia do 11 de novembro: cortejo de autoridades, associações patrióticas, de crianças das escolas, da população.