“Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama.
Como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?”
Nietzsche em Assim falou Zaratustra.
Uma larva evolui até se transformar em borboleta. Mas, antes, tem que crescer, engordar e se aventurar no território dos passarinhos. Corre sérios riscos de ser devorada. Além disso, fica cega, perde as patinhas e racha o corpo (para permitir o crescimento das asas).
As mudanças não têm nada de romantismo...
As mudanças nos proporcionam um potencial de recompensas enorme mas, exigem, por outro lado, estarmos preparados para enfrentar o desconhecido, a incerteza, o risco e a dor: infelizmente, é impossível conseguir uma coisa sem a outra. Mudar é difícil e dá trabalho. A princípio, você pode se sentir estranho: é como começar a usar óculos ou aprender algum idioma.
Todos nós já estamos resignados para aceitar que, num mundo como o nosso, a única certeza estável é a certeza de que tudo vai mudar, ou seja, a única certeza é a incerteza! Mas o que mais nos assusta é a velocidade com que as mudanças acontecem. A própria natureza da mudança mudou, pois deixou de ser contínua: não se movimenta mais em linha reta; não é mais previsível. As mudanças agora são descontínuas, inesperadas. Até as mudanças “mudaram”!!!
Por isso, como a situação futura compreende uma nova maneira de fazer com que as coisas sejam realizadas, a mudança é uma realidade da qual não podemos escapar!
E a conclusão mais do que óbvia:
Ou aceitamos e nos preparamos para conviver com as mudanças trazidas pelo novo de maneira consciente e mudamos também.
Ou seremos mudados de qualquer maneira pela vigorosa força das circunstâncias.
Entretanto, qualquer mudança compreende uma alteração que irá ocorrer no futuro e é, portanto, desconhecida. E o desconhecido representa quase sempre uma ameaça. E as pessoas ameaçadas, resistem (“neofobia”).
Impulsores às mudanças
Para superar essa resistência vale a pena relacionar alguns fatores condicionantes que nos impulsionam para as mudanças:
– Crise interna (estresse)
O conflito interno, gerado principalmente por pressões externas, competição, inconformismo com as soluções “consagradas” ou insatisfação interior sem aceitação, representa, talvez, um dos maiores impulsores às mudanças dos indivíduos.
Esse desequilíbrio interno provoca um estado de tensão tão grande que gera uma necessidade para assumir o desafio que, por sua vez, conduz a uma espécie de rebelião (ação).
Na ausência de conflitos, haverá poucos desafios novos, não haverá estímulo para pensar em novas ideias e as pessoas se tornarão apáticas e estagnadas.
– Riscos
É preciso correr riscos, seguir certos caminhos e abandonar outros. Nenhuma pessoa é capaz de escolher sem medo. Portanto, risco é sinônimo de liberdade porque o máximo de segurança é a escravidão. Isso implica uma disposição para penetrar no desconhecido – o campo de todas as possibilidades.
Mesmo com o corpo pregado na cruz Cristo era livre, porque a opção foi Dele.
– Benefícios
Defina quais benefícios você busca, ou seja, estabeleça o que realmente tem valor para você e comece a pensar nas vantagens que poderá obter com a adoção das mudanças.
– Estabelecimento de metas
Quer gostemos quer não, tudo o que está acontecendo neste momento é resultado das nossas escolhas, das metas traçadas no passado.
Infelizmente, muitos fazem escolhas inconscientes e, por isso, acham que não são escolhas. Mas são. O estabelecimento de metas nos oferece duas preciosas vantagens: o controle e o foco.
Sabendo para onde desejamos ir, podemos corrigir os desvios e concentrar toda nossa energia no objetivo.
– Automotivação
As dificuldades costumam esmorecer os seres humanos, mas é preciso reagir, lembrando que o trem avança justamente porque os trilhos oferecem resistência.
O tempo do plantio precede o tempo da colheita; não é possível colher no mesmo dia em que se semeou. O que quero é dizer que o que é bom não deixará de ser reconhecido. É preciso, no entanto, compreender que leva tempo para ser reconhecido.
– Características pessoais requeridas
Ainda que todos nós estejamos conscientes da necessidade de reagir de forma positiva às mudanças, a motivação para uma ação efetiva nesse sentido será mais facilitada se possuirmos três características pessoais: autoconfiança, flexibilidade e atitude.
– Autoconfiança
Sem autoconfiança, as pessoas têm medo e o medo provoca a paralisia. Ninguém consegue ousar, assumir riscos e, a ainda que procure concretizar seus desejos, não acredita na sua concretização e, por isso, não se esforça suficientemente. Se o indivíduo chegar a ter autoconfiança e começar a se transformar, estará mais apto e será mais útil nesses momentos de grandes modificações, pois, quando a consciência é forte, o raciocínio é claro.
– Flexibilidade
Assim como no corpo humano alguns músculos e articulações pouco exercitados tendem a enrijecer, também na mente ocorre fenômeno semelhante. Algumas funções psíquicas, quando se concentram em certas modalidades, deixando outras sem exercício, tendem a favorecer um processo de rigidez gradativa, que se traduz por comportamentos estereotipados, inflexíveis que, por vezes, chegam até o extremo da radicalização.
A flexibilidade não requer que você deixe para trás suas intenções. Ela, no entanto, pede para que você se liberte da sua fixação a um determinado resultado. Esse é o verdadeiro significado da flexibilidade.
Apegar-se ao conhecido é a mesma coisa que se apegar ao passado. O passado é a estabilidade. O passado é a inércia. O passado é a estagnação.
– Atitude
Atitude significa exatamente isso: determinação em querer fazer. O sucesso ou o fracasso da vida dependem do grau de determinação da pessoa. A determinação é a força propulsora da vida. Quem não tem determinação, está destituído dessa força propulsora. Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos. Temos que ter a sabedoria de discernimento para mudar as coisas que podem ser mudadas, aceitar as que não podem ser mudadas e ter sabedoria de perceber as diferenças que existem entre as duas.
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