terça-feira, 21 de novembro de 2017

Operação do Bope termina com cinco homens mortos no Morro do São Carlos

xxxxxxxxxxxxxxxxWikipédia

21/11/2017 08h59
21/11/2017 10h43
Rio de Janeiro
Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil

Os cinco homens suspeitos de tráfico de drogas, levados pelos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio para serem socorridos, já chegaram mortos ao Hospital Souza Aguiar. As mortes teriam ocorrido durante operação no Morro do São Carlos, no Estácio, região central da cidade, e foram confirmadas pela Secretaria Municipal de Saúde.

A operação do Bope ocorreu no início da madrugada de hoje (21). Os traficantes estariam tentando tomar os pontos de vendas de drogas quando os policiais do Bope foram chamados a intervir.

Inicialmente, as informações da Polícia Militar eram de que “depois de uma noite de intenso tiroteio, cinco homens foram feridos e presos por policiais do Batalhão de Operações Especiais e levados ainda com vida para o Souza Aguiar.

Após intenso confronto e estabilizada a área, os policiais localizaram cinco homens caídos no chão, dizia a nota, acrescentando que o caso iria para registro na Delegacia de Homicídios.

Segundo as informações da PM, foram apreendidos um fuzil com carregadores e munições, três pistolas Glock, um revólver Taurus, três granadas, além de radiotransmissores, carregadores e farta quantidade de maconha e cocaína.

Matéria alterada às 10h38 de hoje (21) para atualização de informações. Diferentemente do que foi informado anteriormente, os suspeitos chegaram mortos ao hospital.

Edição: Graça Adjuto
Agência Brasil

Tribunal nega absolvição sumária de Marisa Letícia

21/11/2017 13h25
Brasília
Da Agência Brasil

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) negou hoje (21) o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que fosse declarada a absolvição sumária de Marisa Letícia Lula da Silva em duas ações penais em decorrência da morte dela. Marisa Letícia morreu em fevereiro deste ano. 

Nas ações, o Ministério Público Federal (MPF) acusa o ex-presidente Lula e Marisa Letícia de serem os donos de um apartamento tríplex e de outro imóvel em São Bernardo do Campo (SP), que seriam resultado de pagamento de propina da construtora Odebrecht. O apartamento é ocupado por Lula e outro seria para o Instituto Lula. 

Ex-primeira-dama Marisa Letícia morreu em fevereiro deste ano
Arquivo Agência Brasil 

Em março, o juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, declarou extinta a punibilidade da ex-primeira-dama, porém não decretou a absolvição sumária como solicitou a defesa.

O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, argumenta que mesmo com a extinção da punibilidade, a absolvição sumária é necessária para afastar qualquer juízo negativo em relação à ex-primeira-dama, que foi “submetida a humilhações decorrentes de levantamento de sigilo de ligações telefônicas íntimas com os filhos”.

Já o desembargador federal João Pedro Gebran Neto, relator da Operação Lava Jato no TRF, alegou que o Código de Processo Penal determina a extinção da punibilidade em caso de morte e, a partir daí, a presunção de inocência está preservada. “Se isso se dá na forma da absolvição sumária ou posteriormente, com a extinção da punibilidade, é irrelevante do ponto de vista material”.

O desembargador Leandro Paulsen teve o mesmo entendimento. “Quando o réu vem a falecer, extingue-se a punibilidade. O Estado não julga alguém que já faleceu até porque não há mais a possibilidade de punição”, disse. O desembargador Victor Luiz dos Santos Laus também avaliou que a extinção da punibilidade preserva a memória de Marisa Letícia. "Se existe algum debate no imaginário popular, estamos em face da liberdade de expressão assegurada a todo e qualquer cidadão brasileiro. Não temos como proibir essa ou aquela pessoa de anunciar um juízo positivo ou negativo em relação à requerente”, afirmou, conforme informações divulgadas pelo TRF4.

Edição: Carolina Pimentel
Agência Brasil

Operação apura suspeita de sonegação fiscal superior a R$ 1 milhão em rede de óticas de Juiz de Fora

Por G1 Zona da Mata

21/11/2017 10h08 Atualizado há 2 horas

Operação "Armação" teve ações nas óticas Kika em Juiz de Fora 
(Foto: Nayara de Paula/G1)

Uma força-tarefa formada entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Receita Estadual e Polícia Civil deflagrou na manhã desta terça-feira (21) a primeira fase de uma operação para apurar a suspeita de venda de óculos, lentes de contato e armações sem procedência comprovada em Juiz de Fora.

Foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão em unidades das Óticas Kika na cidade. Além disso, todas as lojas do grupo foram fiscalizadas para contagem física de produtos e verificação de origem. A empresa disse ao G1 que, inicialmente, não vai se manifestar.

A Secretaria Estadual de Fazenda apurou que, em 2015 e 2016, foram comercializados centenas de óculos sem que a empresa comprovasse com notas fiscais a aquisição, o que resulta em sonegação fiscal superior a R$ 1 milhão, além de prejuízos diretos aos consumidores.

De acordo com a investigação do MPMG, os óculos adquiridos pelo grupo vinham do estado do Rio de Janeiro e eram guardados em um sítio em Matias Barbosa.

Os envolvidos são investigados pelos crimes de sonegação fiscal e organização criminosa. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 10 anos de reclusão.

Ao todo, participaram da Operação “Armação” três promotores de Justiça, três delegados e 18 agentes da Polícia Civil e 45 auditores fiscais.

Homem é detido depois de matar mulher com machadada na cabeça em Juiz de Fora

Por G1 Zona da Mata

21/11/2017 11h34 Atualizado há 1 hora

Um homem de 46 anos foi detido na manhã desta terça-feira (21), suspeito de matar uma mulher, de 32 anos, com uma machadada na cabeça após se desentenderem.

Segundo informações preliminares divulgadas pela Polícia Militar (PM), o caso ocorreu na Rua Pedro Nava, no Bairro Ponte Preta. Vizinhos relataram que os dois eram usuários de drogas.

O suspeito confessou o crime aos policiais, foi detido em flagrante e encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil.

O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). A ocorrência ainda está em andamento.

“5ª Mostra de Teatro do Gente em Primeiro Lugar” mobiliza cerca de 50 participantes das oficinas

JUIZ DE FORA - 20/11/2017 - 17:56

Foto: Divulgação

A “5ª Mostra de Teatro do Gente em Primeiro Lugar” já tem data marcada. Nos dias 28, 29 e 30 de novembro e 1º de dezembro, cerca de 50 crianças, jovens e adolescentes, que participam das oficinas de teatro oferecidas pelo programa de forma gratuita, subirão ao palco do Centro de Artes e Esportes Unificados “Coronel Adelmir Romualdo de Oliveira” (CEU/Zona Norte - Avenida Juscelino Kubitschek, 5.899 – Benfica) para apresentar quatro peças. Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 3, de forma antecipada, pela página no facebook ou pelo telefone 3690-2015.

Sempre às 19 horas, a mostra, este ano, seguirá a temática “Teatro Infantil”. Conforme Lucas Nunes, um dos articuladores do projeto, o objetivo é trazer os participantes para este universo: “Muitos acreditam que essa temática é feita exclusivamente para crianças e a consideram boba e sem graça. Nosso intuito é desmistificar esse pensamento. Foi feito trabalho de pesquisa junto com os alunos, para montagem das peças”.

Atualmente, a equipe de teatro do “Gente em Primeiro Lugar” é composta pelos articuladores Aline Carvalho, Tainá Neves, Thiago Andrade e Lucas Nunes. O programa é mantido pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), por meio da Fundação Cultural “Alfredo Ferreira Lage” (Funalfa) e pela Associação Cultural Arte e Vida (Acav).

Programação 
Dia 28 de novembro - “A ver Estrelas”, com alunos do Centro Cultural “Dnar Rocha”. Articulador: Thiago Andrade.
Dia 29 de novembro - ”Alice”, com alunos do CEU/Zona Norte. Articulador: Lucas Nunes.
Dia 30 de novembro - “Peter Pan”, com alunos do Museu Ferroviário. Articuladora: Tainá Neves.
Dia 1º de dezembro - “O Pequeno Príncipe”, com alunos do Centro Cultural “Dnar Rocha”. Articuladora: Aline Carvalho.

*Informações com a Assessoria de Comunicação da Funalfa pelo telefone 3690-7044.
Portal PJF

domingo, 19 de novembro de 2017

"Certas Canções" interpretada por Milton Nascimento



Música em parceria com TUNAI.
"Certas Canções" de 1982 do álbum ÂNIMA. Vale a pena conferir. - Vídeo com bonitas imagens. Criação de Clipe : Juliano Souza. Março de 2010. - Imagens extraídas da internet.

PM enfrenta bandidos dentro de uma farmácia com o filho no colo

DA ESTADÃO CONTEÚDO
19/11/2017 - 15:55 - Atualizado em 19/11/2017 - 17:15

Policial foi surpreendido pelos bandidos enquanto  comprava remédio com o filho (Foto: Reprodução)

Segurando o filho no colo, um policial militar de folga reagiu a um assalto, baleou e matou dois suspeitos dentro de uma farmácia. O caso aconteceu neste sábado (18) na cidade de Campo Limpo Paulista, vizinha a Jundiaí, no Estado de São Paulo.

A ação do sargento Rafael Souza, do 49º Batalhão Metropolitano da Capital, durou 25 segundos e foi gravada pelo circuito interno de câmeras do estabelecimento. No final da tarde de sábado, o policial militar entrou na Bifarma, localizada na Praça Castelo Branco, no centro, com o filho pequeno de colo e a esposa, para comprar medicamentos. Enquanto o balconista atendia a sua esposa, entraram dois assaltantes com capuzes e armas em punho, anunciando o roubo. 

Segundo relatos, um dos suspeitos, Jefferson Alves, de 24 anos, morador de Campo Limpo, apontou a arma na direção de Rafael, que teria se identificado como policial. De acordo com depoimento do sargento da PM, o suspeito teria tentado disparar contra ele. Na sequência, o policial revidou com a sua pistola.

Durante os tiros contra Jefferson e o seu comparsa, o policial manteve a criança em seu braço esquerdo. Após os disparos, a mãe do garoto corre abaixada entre as gôndolas na direção ao marido, pedindo para ficar com a criança.

Uma equipe médica da prefeitura de Campo Limpo Paulista compareceu ao local, mas os dois assaltantes já estavam mortos. Um deles não foi identificado pela polícia, porque não portava documentos. 

As armas foram apreendidas pela Polícia Civil, na madrugada deste domingo, 19, após a realização de exame de balística e da apreensão das imagens das câmeras de monitoramento.

http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/atualidades

Grávida é assassinada e médicos do Samu salvam bebê em Juiz de Fora

O crime aconteceu na rua da Luz, na Favela do Rato

PUBLICADO EM 18/11/17 - 11h18

JOSÉ VÍTOR CAMILO
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Médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) conseguiram fazer um parto de emergência e salvar um bebê após a mãe dele ser morta a tiros em Juiz de Fora, na Zona da Mata, na tarde de sexta-feira (17). O suspeito, que seria um adolescente de 16 anos, ainda atirou várias vezes contra o pai da criança, de 18 anos, que conseguiu escapar ileso. O atirador conseguiu fugir por uma mata após pular muros de várias residências. 

A Polícia Militar (PM) foi acionada na rua da Paz, no bairro Santa Terezinha, na região conhecida como "Favela do Rato", por volta das 14h. No local, os militares se depararam com a mulher de 26 anos, que estava no nono mês de gestação, caída dentro de casa com um tiro na cabeça. Os médicos agiram rápido e constaram a morte da grávida e iniciaram um procedimento de cesárea de emergência. 

A criança nasceu em parada cardiorrespiratória, mas os médicos e enfermeiros do Samu fizeram o procedimento de ressuscitação que, felizmente, foi capaz de trazer o bebê de volta à vida. O menino, que será chamado de Lorenzo, foi socorrido respirando com ajuda de um balão de oxigênio à Maternidade Terezinha de Jesus, onde continua internado sem risco de morte.

Para os policiais, o namorado da vítima contou que estava próximo da entrada de sua residência quando avistou o menor, que vive na casa do lado, com uma arma na mão. Ele efetuou um disparo em direção à mulher e, logo em seguida, atirou várias vezes contra ele, que conseguiu escapar ileso. Após a ação, o adolescente teria pulado vários muros e fugido pela mata conhecida como "Krambeck". 

A perícia da Polícia Civil (PC) esteve no local e recolheu três estojos e uma munição intacta de calibre 32. Foi constatada uma perfuração na cabeça da mulher. A PM fez buscas na região pelo suspeito, utilizando inclusive o helicóptero Pegasus, porém, até a manhã deste sábado o adolescente não havia sido apreendido. 

CORTE DE ENERGIA EM CASA PODE TER MOTIVADO CRIME

As informações iniciais levantadas pela PM no local indicam que tanto o pai do bebê como o autor do disparo estariam envolvidos com o tráfico de drogas e já teriam um desentendimento anterior. O jovem, que seria o alvo dos tiros, disse ainda que esteve preso recentemente e, por isso, não soube precisar exatamente o que motivou o crime. 

Entretanto, a namorada do suspeito relatou para a PM que estava em casa e ouviu os disparos, descobrindo depois que a vítima tinha sido a grávida que, por sinal, era sua amiga. Segundo ela, o homicídio pode ter sido motivado pelo corte da energia elétrica na casa do menor pela vítima, já que a eletricidade era comum nas residências vizinhas. 

Ainda de acordo com a PM, o adolescente já esteve acautelado no Rio e em Juiz de Fora e, ultimamente, vinha ameaçando os moradores da Favela do Rato na tentativa de implantar facções criminosas cariocas e comandar o tráfico de drogas na região. Ele já teve passagens por tentativa de homicídio no mesmo aglomerado, após atirar contra um desafeto e acabar acertando um taxista. 

Os policiais foram até a casa da mãe do menor, que não estaria em casa na hora do atentado. Durante buscas na residência, foram apreendidos uma munição calibre 32, uma faca de 20 cm, um vaso de planta com três pés de maconha e uma bucha de maconha. Ela relatou que o filho, que se mudou recentemente do Rio de Janeiro e fixou moradia na favela, era dono de todos os materiais.

Jornal OTempo

Drogas e depressão andam juntas nos cursos de medicina


Universitários criaram a campanha “Não é normal” para alertar sobre o problema; na foto, intervenção na parede do prédio do curso de medicina da USP, onde houve seis tentativas de suicídio neste ano.

PUBLICADO EM 19/11/17 - 03h00

ALINE RESKALLA E THUANY MOTTA

Enfim, a tão esperada faculdade de medicina. Para os futuros médicos, o sonho de salvar vidas começa a se concretizar. Mas a empolgação costuma rapidamente dar lugar ao desespero de não conseguir dar conta dessa maratona incessante, na qual três turnos de estudos costumam ser a regra.

Quando bate o cansaço, a ansiedade aumenta e abrem-se as portas ao uso e, muitas vezes, abuso de substâncias estimulantes. E, para aliviar o estresse e a dor de se afastar de amigos e da família por conta dos estudos, bebidas e drogas estão sempre por perto.

Uma série de estudos recentes mostra a incidência preocupante de depressão, transtornos comportamentais e uso de substâncias lícitas e ilícitas por alunos desse curso. Em abril deste ano, a Universidade de São Paulo contou seis tentativas de suicídio no Departamento de Medicina.

Ana Clara Cruz Oliveira, 21, que está no sexto período da Faculdade de Medicina de Itaúna, resolveu estudar a questão, intrigada com cenas do cotidiano universitário. Na pesquisa “Uso não prescrito de agentes nootrópicos em estudantes de medicina em instituição de ensino superior de Itaúna”, ela e alguns colegas acompanharam 120 alunos no primeiro semestre deste ano e descobriram que um em cada seis usou, de forma esporádica ou frequente, o metilfenidato – que tem o nome comercial de Ritalina, psicoestimulante indicado para tratar Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) – para melhorar o desempenho acadêmico.

Desse total, 40% sem prescrição e 50% com relatos de efeitos colaterais, como boca seca, taquicardia, dor de cabeça e alterações comportamentais. “Esse é um assunto negligenciado, não existe um acompanhamento psicológico nas universidades”, disse Ana Clara Oliveira à reportagem.

Um grande estudo publicado em dezembro de 2016 no “Journal of the American Medical Association”, nos Estados Unidos, mostrou que o problema é mundial: 27,2% dos estudantes de medicina, incluindo os que estão em residência, têm depressão, e 11%, ideação suicida – pensamentos de autoextermínio.

Os pesquisadores cruzaram dados de 195 pesquisas de 47 países, incluindo o Brasil, englobando 129.123 estudantes. “Possíveis causas incluem estresse e ansiedade advindos da competitividade das escolas médicas”, afirmam os especialistas num relatório.

Criado por estudantes de medicina, mas com alunos de outros cursos também, o movimento Frente Universitária de Saúde Mental luta para trazer o tema à tona. Com o lema “Não é normal”, o grupo defende um ambiente sem opressão nas faculdades. “Não é normal que a faculdade se torne um gatilho para ansiedade. Não é normal pensar todos os dias em desistir do curso dos seus sonhos”, defende a campanha.

“Todos os dias recebemos relatos de alunos agradecendo a nossa iniciativa”, diz Ana Campos, aluna de medicina da Santa Casa de São Paulo e uma das coordenadoras do projeto.

‘Eu precisava de bons resultados’, diz médico
A combinação de Ritalina, lítio (para psicoses maníaco-depressivas) e Paco (analgésico) já ficava na mesa de estudos, junto dos cadernos e livros. Era com seis comprimidos logo às 6h que Vítor Silva começava seu dia no curso de medicina.

Hoje formado e com 26 anos, ele conta que chegou a tomar mais de cinco tipos de psicoestimulantes para “aguentar o tranco”. “A sensação era de animação, concentração e memória a mil por hora. Conseguia decorar tudo o que lia e compreendia todo o conteúdo que eu estudava”.

O ritual era para encarar a primeira parte dos estudos, que seguia até as 14h. “Depois eu almoçava e tomava uma nova rodada de comprimidos. Ficava ligado até umas 20h, quando tomava pela terceira vez. Ia nesse ritmo até 2h.”

Turbinado durante o curso de medicina, o uso de psicoestimulantes começou no ensino médio. Tomava antidepressivo e roubava os remédios para emagrecer da irmã, à base de anfetaminas. “Eu precisava de bons resultados. Pegava escondido dela para não sentir sono de manhã nas aulas”. Depois de formado, Vítor parou com a Ritalina, o lítio e o Paco, mas adotou as anfetaminas. “Tinha a residência pela frente e precisava encarar os plantões”, diz.

Mas o organismo cobrou seu preço. Num check-up, descobriu que seu fígado estava próximo da falência e foi orientado a parar com qualquer substância. “Isso me assustou. Eu nunca fui de sentir efeitos colaterais, no máximo ficava irritado por não dormir direito”, conta.

Sob o risco de ter de se submeter a um transplante, o clínico geral admite que ainda sofre. “A vontade de tomar é grande, o corpo pede. Passei a fazer exercícios físicos e mudar meu estilo de vida para compensar”, diz. (TM).

Jornal OTempo

Seres humanos e animais são parte da natureza e têm os mesmos direitos

Ilustração do Duke (O Tempo)

Leonardo Boff
O Tempo

A aceitação ou não da dignidade dos animais depende do paradigma que cada um assume. Há dois paradigmas que vêm da mais alta Antiguidade e que perduram até hoje. O primeiro entende o ser humano como parte da natureza, um convidado a mais a participar da imensa comunidade de vida. Quando a Terra estava praticamente pronta, com toda a sua biodiversidade, irrompemos nós no cenário da evolução. Seguramente dotados de uma singularidade, a de ter a capacidade de pensar, amar e cuidar. Mas isso não nos dá o direito de nos julgarmos donos dessa realidade que nos antecedeu. A culminância da evolução se deu com o surgimento da vida, e não com o ser humano. A vida humana é um subcapítulo do capítulo maior da vida.

O segundo paradigma parte de que o ser humano é o ápice da evolução e todas as coisas estão a sua disposição para dominá-las e poder usá-las como bem lhe aprouver. Ele esquece que, para surgir, precisou de todos os fatores naturais anteriores a ele. Ele juntou-se ao que já existia, e não se colocou acima.

DEFENSORES – As duas posições têm representantes em todos os séculos, com comportamentos muito diferentes entre si. A primeira posição encontra seus melhores representantes no Oriente, com o budismo e as religiões da Índia. Entre nós, além de Bentham, Schopenhauer e Schweitzer, seu maior autor foi Francisco de Assis.

O segundo paradigma, o ser humano como “mestre e dono da natureza” no dizer de Descartes, ganhou a hegemonia. Vê a natureza de fora, não se sentindo parte dela, mas seu senhor. Está na raiz do antropocentrismo moderno. O ser humano dominou a natureza, submeteu povos e explorou todos os recursos possíveis da Terra, a ponto de hoje ela experimentar uma situação crítica de carência de sustentabilidade. Seus representantes são os pais fundadores do paradigma moderno, como Newton, Francis Bacon e outros, bem como o industrialismo contemporâneo, que trata a natureza como mero balcão de recursos, em vista do enriquecimento.

RELAÇÃO FRATERNA – O primeiro paradigma – o ser humano parte da natureza – vive uma relação fraterna e amigável com todos os seres. Deve-se alargar o princípio kantiano: não só o ser humano é um fim em si mesmo, mas igualmente todos os viventes, e, por isso, devem ser respeitados. Há um dado científico que favorece essa posição.

Ao se descodificar o código genético por Drick e Dawson, verificou-se que todos os seres vivos, da ameba mais originária, passando pelas grandes florestas e pelos dinossauros e chegando até nós, humanos, todos possuem o mesmo código genético de base. Nessa perspectiva, todos os seres, na medida em que são nossos primos e irmãos, são portadores de dignidade e direitos. Se a Mãe Terra goza de direitos, eles, como partes vivas da Terra, participam desses direitos.

RELAÇÃO DE USO – O segundo paradigma – o ser humano senhor da natureza – tem uma relação de uso com os demais seres e os animais. Se conhecemos os procedimentos da matança de bovinos e de aves, ficamos estarrecidos com os sofrimentos a que são submetidos. Adverte-nos o cacique Seatle (1854): “Que é o homem sem os animais? Se todos os animais se acabassem, o homem morreria de solidão de espírito. Porque tudo o que acontecer aos animais logo acontecerá também ao homem. Tudo está relacionado entre si”.

Se não nos convertermos ao primeiro paradigma, continuaremos com a barbárie contra nossos irmãos e irmãs da comunidade de vida: os animais. Na medida em que cresce a consciência ecológica, mais e mais sentimos que somos parentes e assim nos devemos tratar, como são Francisco com o irmão lobo de Gubbio e com os mais simples seres da natureza.