terça-feira, 12 de julho de 2016

Lava Jato realmente está correndo riscos, mas pode ser salva pela internet


Charge do Jarbas (jarbascartunista.blogspot.com

Celso Serra

O juiz Antonio Di Pietro está para a Itália como o juiz Sérgio Moro está para o Brasil. O magistrado italiano coordenou a operação Mãos Limpas em seu país, e sua atuação serviu de incentivo para a Lava Jato. Atento aos acontecimentos no Brasil, Antonio Di Pietro alerta para um momento que parece se reprisar agora na Lava Jato, porque na Itália os principais investigados também usaram o artifício de alterar leis e jogar o discurso contra os procuradores, exatamente como estão fazendo o senador Renan Calheiros e comparsas, que até agora não foram realmente molestados pelo Supremo Tribunal Federal.

A preocupação de Di Pietro é válida e o alerta deve ser absorvido por todos os envolvidos, desde os agentes federais aos próprios entusiastas da operação. Mas existe uma diferença fundamental, que favorece o êxito da Lava Jato, que hoje possui algo que a operação Mãos Limpas não possuía nos anos noventa: a internet.

Portanto, cabe a nós usarmos a internet para enfrentar as manobras de parlamentares como Renan Calheiros e ajudar a coibir a corrupção no Brasil, porque acabar inteiramente com ela ainda é sonho inatingível em nosso país.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Novo tiroteio deixa três pessoas mortas em Michigan

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11/07/2016 19h23
Washington
Da Ansa Brasil

Pelo menos três pessoas morreram em um novo tiroteio nos Estados Unidos. Desta vez, o episódio ocorreu nos arredores do tribunal de St. Joseph, em Michigan, norte do país.

Segundo a polícia local, entre as vítimas estão dois agentes das forças de segurança e o próprio atirador. O criminoso, que estava sendo levado para uma prisão, pegou a pistola de um policial e abriu fogo contra os agentes.

Na semana passada, cinco policiais morreram enquanto trabalhavam em um protesto contra a violência racial em Dallas, inflamando ainda mais o debate sobre a divisão na sociedade norte-americana.

Agência Brasil

Auditores da Receita anunciam greve de dois dias por semana a partir de quinta


11/07/2016 17h36
Brasília
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil

A partir de quinta-feira (14), a liberação de cargas e de bagagens nas fronteiras, nos portos e nos aeroportos ficará mais lenta. Os auditores fiscais entrarão em operação padrão por tempo indeterminado. Nas unidades da Receita Federal, os auditores cruzarão os braços dois dias por semana. 

A categoria alega descumprimento do acordo salarial fechado no fim de março, porque o governo ainda não informou quando enviará ao Congresso o projeto de lei que reajusta as remunerações e atende a outras reivindicações não salariais.

Em nota, o Sindifisco Nacional, entidade que representa os auditores, informou que a reunião de quarta-feira (6) entre representantes da categoria e o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, terminou sem avanços. Segundo a nota, não há prazo para o envio do projeto e existem dificuldades técnicas e jurídicas em relação ao bônus de eficiência previsto no acordo.

Médicos

Conforme o Sindifisco Nacional, a decisão do governo de instituir uma gratificação para médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) representou o estopim da operação padrão.

Na quinta-feira (7), o governo anunciou o pagamento de R$ 60 por perícia para os médicos que trabalharem além do horário revisando 840 mil auxílios doença e 3 milhões de aposentadorias por invalidez concedidos há mais de dois anos.

Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério do Planejamento informou que revisa todos os acordos salariais concedidos na gestão da presidenta afastada Dilma Rousseff e fez um apelo para que não haja acirramento nas negociações. A Receita Federal informou que não comenta mobilizações de servidores.

Edição: Armando Cardoso
Agência Brasil

Ancião foi roubado no interior de sua residência em Juiz de Fora

Rua São João Batista - Parque Guarani - Zona Nordeste 

Na manhã deste domingo (10), PMs registraram a ocorrência de roubo.

No interior de sua residência, um ancião, 80, foi surpreendido por alguns indivíduos que o amordaçaram, o amarraram e o trancaram no banheiro.

A vítima sofreu escoriações para se desvencilhar das amarras, e dispensou sua condução ao hospital.

Os criminosos vasculharam todos os cômodos do imóvel e subtraíram a documentação de um carro, um relógio e a quantia de R$7.500,00.

As câmeras do sistema de segurança de um comércio captou as imagens de três indivíduos deixando o local e fugindo em um carro, sendo que dois autores teriam sido reconhecidos.

Houve informações que a vítima teria deixado a porta da sala destrancada e utilizava um cadeado no portão.

A Polícia Civil se encarrega das investigações.

Seleção de Portugal chega a Lisboa e desfilará em carro aberto

11/07/2016 09h07
Lisboa
Marieta Cazarré - Correspondente da Agência Brasil
Seleção de Portugal no voo que a levou de Paris a Lisboa. A equipe derrotou a França por 1 a 0 e conquistou pela primeira vez o título de campeã da Eurocopa 2016 - Imagem de divulgação/Francisco Paraiso/FPF

Em clima de festa, a Seleção Portuguesa de futebol chegou hoje (11) a Lisboa, com a taça de campeã da Eurocopa. Pela primeira vez na história, Portugal conquistou o título ao vencer, ontem (10), a França por 1x0, no Stade de France, em Saint-Denis, na França, na prorrogação de um jogo emocionante. A equipe vai desfilar em carro aberto pela capital portuguesa.

Logo no início da partida, Cristiano Ronaldo, capitão da seleção portuguesa e também eleito o melhor jogador do mundo em 2015, sofreu uma falta, se contundiu e teve que deixar o campo. 

O gol da vitória saiu aos 109 minutos de jogo, na prorrogação, sendo feito pelo atacante Éder, um jogador que vinha sendo muito criticado em Portugal.
Saint-Denis – Equipe de Portugal comemora o título inédito de campeã da Europa 2016. A vitória por 1 a 0 foi sobre a equipe da França
Tibor Illyes/Agência Lusa

Em 2004, Portugal sediou a Eurocopa e chegou à final, mas perdeu o título para a Grécia por 1 a 0.

Após a vitória de Portugal, milhares de torcedores tomaram as ruas do país para comemorar. Fogos de artifício, buzinaços e gritos de “somos campeões” marcaram a madrugada. Em Lisboa, a Praça Marquês de Pombal ficou completamente tomada por torcedores.

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que vai homenagear os jogadores da seleção com o grau de comendadores da Ordem do Mérito. Ainda não há confirmação sobre a data da condecoração.

Edição: Kleber Sampaio
Agência Brasil

Afinal, quando a Lava-Jato começará a investigar o Poder Judiciário?



Vicente Nunes
Correio Braziliense

É inacreditável que o poder mais corrupto do país, o Judiciário, ainda não tenha sido alvo da Operação Lava-Jato, que desvendou o esquema de corrupção na Petrobras. As investigações atingiram em cheio o Executivo e o Legislativo, levando dezenas de pessoas para a prisão. Mas, até agora, não vimos nenhum integrante da Justiça ir para atrás das grades.

A incredulidade cresce diante da decisão do ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de determinar a soltura do bicheiro Carlinhos Cachoeira e de Fernando Cavendish, ex-dono da construtora Delta, presos na Operação Saqueador.

A medida se estende aos demais acusados, o ex-diretor da Delta Cláudio Abreu e os empresários Adir Assad e Marcelo Abreu.

PRENDE E SOLTA – No início da semana, a defesa de Cachoeira já havia conseguido revogar a prisão no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). O desembargador Ivan Athié converteu a prisão preventiva dos acusados em prisão domiciliar. Mas a decisão foi revogada pelo desembargador Paulo Espírito Santo depois que Athié se declarou suspeito para atuar no caso.

Como a Justiça pode dar o exemplo agindo dessa forma? As provas sobre os crimes cometidos pela quadrilha comandada por Cachoeira e Cavendish são contundentes. Liberar esses bandidos, acusados de surrupiarem os cofres públicos, é um escárnio às pessoas de bem.

Não é possível que, diante de tudo o que vimos nos últimos dois anos, desde que a Operação Lava-Jato saiu às ruas, um poder que deveria dar exemplo acabe estimulando os crimes contra o patrimônio público.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O excelente jornalista Vicente Nunes toca no ponto central da questão brasileira. Enquanto não for moralizada a Justiça, o país continuará a viver nesta esculhambação institucional que o caracteriza. A Justiça tem de ser rápida e eficiente. Isso só depende dos magistrados, mas a imensa maioria trabalha devagar, quase parando, e o país segue no mesmo ritmo. É lamentável. (C.N.)

Michel Temer assegura reajuste para servidores civis e militares


Charge do Clayton, reproduzida de O Povo (CE)

Pedro do Coutto

Na entrevista a Maria Cristina Frias e Valdo Cruz, Folha de São Paulo, edição de domingo, o presidente Michel Temer praticamente assegurou o reajuste de vencimentos aos funcionários civis e militares, ao dizer que governar não existe só para fazer restrições e impedir gastos. “Imaginem – frisou – se eu não cumprisse os acordos feitos pelo governo anterior para o aumento do funcionalismo. Os servidores do Judiciário, entrariam em greve, os do Ministério Público também, além dos servidores civis que fariam movimentos nas ruas”. E acentuou que seria um desastre, até porque eles diriam legitimamente que havia um acordo com o governo, portanto com o governo do Brasil, não importando, no caso se o acordo fosse feito com o governo passado ou com o atual.

Com tais afirmações, Michel Temer deixou claro que vai sancionar os projetos aprovados pelo Congresso reajustando os vencimentos com os servidores públicos, entre eles incluídos os integrantes das Forças Armadas.

NO SENADO – Temer já sancionou integralmente o reajuste dos funcionários do Senado Federal, que foi publicado no Diário Oficial de 28 de junho. Este reajuste foi de 5,5% para este ano, mas retroativo a janeiro. A lei estabeleceu também um acréscimo automático de 5% a partir de janeiro de 2017. E de 4,5% a vigorar em janeiro de 2018.

Este reajuste pode ser diferente, quanto aos percentuais relativos aos outros aumentos nominais a serem enviados pelo Congresso à sanção do Palácio do Planalto. De qualquer forma, representa um sinal evidente de que não haverá política de congelamento salarial, também para os trabalhadores regidos pela CLT, como chegou a ser defendido pelas correntes conservadoras que atuam no comando da economia do país.

IMPORTÂNCIA – Voltando à entrevista de domingo, deve-se destacar a importância das declarações do chefe do Executivo referentes ao reajuste do funcionalismo público, sobretudo porque foram essas as afirmações concretas reveladas a Maria Cristina Frias e Valdo Cruz. Pois de modo geral as suas outras respostas dadas aos repórteres, elegantes na forma, foram vazias de conteúdo.

Por exemplo: disse ele que a meta fiscal apresentando um déficit de 139 bilhões de reais foi realista, embora muitos tenham proposto que tanto fosse maior quanto fosse menor. Chegamos então ao valor que pelo menos na aparência, é realista. Acentuou que vai exigir sacrifícios, mas não os especificou.

Em outro trecho, sobre a proposta do Ministro Henrique Meirelles de elevar impostos, Temer assinalou que “talvez”, mas por enquanto não há nada definido. “Vamos verificar se com a venda de ativos a elevação de tributos vai ser necessária. Meu desejo é que não haja aumento. Mas se houver absoluta necessidade nada se pode fazer”. admitiu.

PRIVATIZAÇÕES – Perguntado quais os ativos que seriam colocados à venda, frisou que podem ser os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont, porém tal iniciativa vai depender do déficit registrado nas contas públicas. Os repórteres indagaram então se os dois aeroportos vão ser concretamente privatizados. Ele respondeu que houve essa conversa, porém a privatização vai ser analisada.

Os entrevistadores indagaram também: o que mais estará colocado à venda? Temer respondeu: vamos levantar a lista do que é privatizável. Os Correios representam um caso muito complicado, porque deu um prejuízo muito grande. A Petrobrás não dá, pois traz consigo uma simbologia muito grande.

DESEMPREGO – Quanto ao desemprego, sustentou não saber hoje dizer quanto tempo vai demorar sua redução. O que tenho que fazer é produzir atos para combater o desemprego.

Negou ter dado conselho a Eduardo Cunha para renunciar à presidência da Câmara, mas acha que para ele foi a melhor solução. “Qual sua avaliação da operação Lava-Jato”? “Positiva para o país”, respondeu.

Diante essa relação de respostas vagas, sem maiores caracteres concretos, as declarações do presidente Michel Temer em relação ao reajuste salarial dos funcionários públicos representam uma forte exceção afirmativa. Afinal de contas, foi a única questão que ele respondeu de forma direta e objetiva. Assim, comprometeu-se com um ato cuja prática anunciou. E tal ato depende apenas dele mesmo. Num deserto de ideias, os funcionários civis e militares enfim receberam uma boa notícia.

Posted in P. Coutto

domingo, 10 de julho de 2016

Mol vibra com gol e destaca "dedo" de Estevam Soares na vitória do Tupi-MG

10/07/2016 10h00 - Atualizado em 10/07/2016 10h00

Por Bruno Ribeiro
Juiz de Fora, MG

Parecia que o Tupi-MG amargaria mais um mau resultado na Série B do Campeonato Brasileiro. O gol sofrido no início do jogo fez do Galo Carijó um time instável e pressionado, que não se encontrava em campo e que poucos acreditavam que poderia virar a partida contra o Ceará, até aquele momento, líder da Série B. Porém, o gol de Rodolfo Mol ainda na primeira etapa tranquilizou o Alvinegro, que melhorou no jogo e conseguiu vencer por 2 a 1 e se livrar da lanterna da competição nacional (Veja acima o gol do zagueiro).

Rodolfo Mol disse que mudanças de Estevam deram certo 
(Foto: Felipe Couri/tupifc.esp.br)

Mais do que o gol, Mol creditou a reação às mexidas do técnico Estevam Soares. De acordo com ele, a ida de Bruno Costa para a zaga, de Renan para o meio e de Serrato para a armação melhoraram o time e tornaram possível o resultado diante do Vozão. 

– Começamos o jogo desligados o Estevam mudou um pouco. O Renan estava fazendo uma linha de três (zagueiros) ali atrás e o nosso treinador trouxe o Bruno Costa para a zaga e adiantou o Renan e adiantamos a marcação. Sabíamos que o Wescley poderia desequilibrar. Depois do gol (de empate), a equipe encaixou e tivemos condição de virar. No intervalo, o pessoal da televisão até disse que o gol foi legal. Mas faz parte. Domingo temos trabalho, não dá pra respirar e precisamos manter a concentração para conquistar os nossos objetivos – comentou.

Gol de Mol no primeiro tempo tranquilizou Galo em campo (Foto: Bruno Ribeiro)

Só que Rodolfo Mol sabe que a vitória por si só não resolve a situação do Tupi-MG. De acordo com o jogador, bater um time que figura entre as primeiras colocações dá moral. Porém, ele lembra que o time precisa continuar ligado para buscar uma sequência positiva, somar pontos e sair da zona de rebaixamento.

– Dá confiança. Independente do gol, o mais importante era a vitória. Começamos a semana sabendo a responsabilidade do jogo, mas com total confiança de que tínhamos condição de ganhar do Ceará, que é uma boa equipe. Fui feliz com o gol, o Serrato também, e atingimos a vitória. A ideia é seguir ligado – disse.

http://globoesporte.globo.com/mg/zona-da-mata-centro-oeste/futebol/times/tupi/noticia/2016/07/mol-vibra-com-gol-e-destaca-dedo-de-estevam-soares-na-vitoria-do-tupi-mg.html

Eleições 2016: partidos podem escolher candidatos a partir do dia 20 deste mês

10/07/2016 09h00
Brasília
André Richter - Repórter da Agência Brasil

Os candidatos que pretendem disputar as eleições de outubro devem ficar atentos as datas que estão no calendário estabelecido pela Justiça Eleitoral. Nestas eleições, serão aplicadas as mudanças estabelecidas pela Reforma Eleitoral (Lei 13.165/2015), aprovada no ano passado pelo Congresso.

Com a nova norma, houve mudanças nos prazos, como aumento do período para apresentação dos registros de candidaturas, diminuição na duração da propaganda no rádio e na televisão e a proibição de doações de empresas privadas para as campanhas políticas. A partir de agora, os partidos deverão se manter por meio de doações de pessoas físicas e de recursos do Fundo Partidário.

Convenções
Do próximo dia 20 de julho até 5 de agosto, os partidos estão autorizados a promoverem as convenções para escolherem os candidatos que vão disputar os cargos de prefeito, vice-prefeito e a vereador. O primeiro turno da eleição municipal será no dia 2 de outubro.

No mesmo dia, candidatos, partidos e coligações poderão pedir direito de resposta a órgãos de imprensa por contestarem afirmações e imagens que considerem caluniosas.

A partir do dia 6 de agosto, emissoras de rádio e de televisão, por serem concessões públicas, estão proibidas de veicular opinião favorável ou contrária a candidatos e partidos políticos. As tevês também não podem dar tratamento privilegiado a candidatos de forma dissimulada em novelas ou filmes.

Propaganda na internet 
O prazo para registro de candidatura nos tribunais regionais eleitorais termina no dia 15 de agosto, às 19h. No dia seguinte, a propaganda passa a ser permitida na internet e nas ruas. De acordo com a lei eleitoral, os candidatos podem participar de carreatas, distribuir panfletos e usar carros de som de 8h às 22h.

Comícios
Também estão permitidos comícios das 8h às 24h. A propaganda eleitoral no rádio e na televisão está prevista para começar no dia 26 de agosto. A reforma aprovada no ano passado reduziu de 90 para 45 dias o período de campanha.

Edição: Carolina Pimentel
Agência Brasil

Fichário dos Artistas tem 429 pessoas investigadas pelo Dops em Pernambuco

09/07/2016 17h00
Recife
Sumaia Villela - Correspondente da Agência Brasil

Projeto Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos  - Divulgação/Projeto

Dos registros policiais às páginas da história brasileira. Por meio do projeto Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos, a investigação feita pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), durante os anos de 1934 a 1958 em Pernambuco, se transformou em um inventário cultural e histórico de 429 artistas que moraram ou passaram pelo estado na época.

Lançado na semana passada no Recife, o Obscuro Fichário está disponível na internet e contém vasta documentação das pessoas do meio artístico que foram selecionadas pelo Dops, durante a presidência de Getúlio Vargas, para serem apenas registradas, seguidas e investigadas pelo departamento de vigilância.

Os arquivos, armazenados pelo Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (Apeje), são considerados pela idealizadora e coordenadora do projeto, a jornalista Clarice Hoffmann, como indícios de uma época de grandes transformações artísticas, políticas e culturais ocorridas no Brasil e especialmente na cidade do Recife nas décadas de 1930, 40 e 50. “A gente usa como ponto de partida a documentação para contar uma história, ou para contar a história do país de uma maneira contundente e poética”, avalia.

A equipe do projeto catalogou 403 pessoas fichadas pelo Dops, entre pernambucanos, brasileiros, estrangeiros, homens e mulheres, atores, músicos, escritores, circenses e ainda uma variedade de trabalhadores considerados fora das atividades “normais” remuneradas. A partir desses registros policiais, os pesquisadores levantaram informações em jornais, instituições históricas e outros meios de informação para tentar reconstruir um pouco da história de cada uma das pessoas. 

A história de Clarice com o Obscuro Fichário começa em 2004, quando ela foi contratada para fazer uma pesquisa iconográfica para um livro. Sua missão era acessar os arquivos do Dops para tentar encontrar vestígios de uma personagem. Mas, à época, o arquivo ainda estava em organização, e os prontuários individuais só poderiam ser consultados pelos próprios prontuariados, por familiares ou pessoas autorizadas.

“Mas eu comentei com a pessoa que estava à frente desse fundo que minha avó havia sido fichada - cresci ouvindo falar nisso - na ditadura de Getúlio Vargas porque era atriz. Ela falou: 'ah, será que ela não passou por aqui?' Aí falei que não, que ela era mais do Rio-São Paulo. Aí ela disse: 'deixa eu trazer uma coisa para você'. E trouxe para mim um pequeno arquivo com duas gavetas e foi a primeira vez que eu fiz a ficha dos artistas”, lembra.

O projeto nasce, assim, como uma “homenagem” à avó da jornalista, nas suas palavras. Ela diz também que ficou impressionada com o material, principalmente as imagens dos artistas. Todas as fichas tinham fotos 3x4. “Mas a ideia ficou guardada até 2014, quando finalmente iniciou o trabalho. “Eu precisei esperar quase 10 anos para fazer o projeto, porque precisei que a legislação permitisse isso”.

Os nomes encontrados no fichário vão das letras M à Z. A outra parte, de A a L, foram perdidas em algum momento que Clarice não conseguiu identificar, mas a estimativa é que o fichário era composto originalmente por 1.100 verbetes. Para saber mais sobre os artistas “perdidos”, os pesquisadores também estudaram cerca de 12 mil prontuários individuais produzidos pelo departamento pernambucano entre no período do fichário. O que resultou, junto com os já conhecidos nas fichas, em 429 personagens de artes as mais diversas.

Ao fim da pesquisa, em muitos casos foi possível reunir exemplos da arte dessas pessoas, recortes de jornais, relatos da vida do artista, links para registros históricos de outras instituições. Em outros, restou apenas a ficha policial e a foto 3x4.

Um Recife extra-oficial
Outro resultado do projeto foi a catalogação de locais e eventos espionados pela delegacia. Um mapa com 150 endereços frequentados pelos artistas investigados foi disponibilizado no site. Os três artigos de acadêmicos publicados na página do projeto também contribuem para entender o que essas pessoas significavam em meio ao contexto político, cultural e social de Pernambuco à época. Possuidor de um importante porto, Recife recebia visitantes de várias partes do mundo, e ganhava rápidos ares de modernidade e ideias de diferentes nacionalidade, também no contexto da Segunda Guerra Mundial que gerou migrações extensas.

Um dos artigos é do historiador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRG) Durval Muniz de Albuquerque Júnior. Autor de sete livros e estudioso da identidade e transformações do Nordeste, o acadêmico fala sobre as diversas possibilidades criadas com a descoberta e investigação feita pelo projeto.

Entre elas, a descoberta de um Recife e de uma história escondidos da narrativa oficial, de pessoas eternizadas nas fichas mas quase ou totalmente invizibilizadas no decorrer do tempo. “Esses breves relatos sobre o que chamamos de artistas ‘mundanos’, mantidos na obscuridade de um fichário, e os espaços da cidade que neles são descritos, constituem a possibilidade de se desenhar outras geografias, outros mapas, outras cartografias possíveis para essa cidade”, escreve o historiador.

Para descobrir essa nova cidade, foi lançada também uma cartografia de locais e eventos frequentados por esses artistas, e que foram alvo, também, da investigação da polícia política de Getúlio Vargas. O historiador chama a atenção para espaços destinados a espetáculo, cassinos, cabaré, circos e cinemas, além de cafés, restaurantes e hoteis onde se desenrolava a vida boêmia da cidade.

Instituições que produziam ou fomentavam a arte e que tiveram importância no período registrado podem ser encontradas na cartografia. Desde companhias cinematográficas a jornais, estações de rádio e associações de artistas que tiveram algum significado no processo histórico efervecente do Recife da época.

Foi possível observar ainda, segundo Durval, quais eram as ideias consideradas ameaçadoras para o estado brasileiro e a elite política, econômica e intelecutal desses tempos. Mulheres que não eram devotadas ao trabalho doméstico ou ao papel de mães e esposas, por exemplo. O que era considerado “anormal”, fora dos padrões sociais, também tinha espaço nas fichas policiais.

“O mundo artístico estava povoado de corpos e seres estranhos: corpos de raças e grupos étnicos considerados inferiores, minoritários ou degenerativos, de personalidades bizarras e estranhas fazendo atividades ligadas aos mundos obscuros e suspeitos da magia, do curandeirismo, das artes divinatórias, da cartomancia, da quiromancia, das religiões e cultos populares e não obedientes a ortodoxia da Igreja Católica”, disse.

Para a jornalista Clarice Hoffmann, revelar essas histórias é construir outra memória , diferente da estebelecida por, segundo ela, “grupos políticos que se mantiveram e se mantém por anos”. A história de gente que deu alegria, prazer e questinou a realidade. “A história do povo, da resistência do povo, dos resistentes”, resume.

Edição: Valéria Aguiar
Agência Brasil